Setembro é o mês dedicado à prevenção do suicídio, e as estatísticas apontam para o aumento dos casos de tentativas e suicídios após eventos extremos. Os impactos que a pandemia de Covid-19 pode desencadear na saúde mental vai desde reações normais e esperadas ao estresse agudo por conta das adaptações à nova rotina, até agravos mais profundos no sofrimento psíquico. Cerca de 800 mil pessoas perdem a vida anualmente por suicídio em todo mundo, número próximo ao que a Covid-19 vitimou. Com isso é fundamental que sejam criadas estratégias de prevenção do suicídio.
O suicídio é um fenômeno complexo e multifatorial e o possível aumento no seu número de casos, em uma situação de pandemia, pode estar relacionado a diferentes fatores como: medo, isolamento, solidão, desesperança, acesso reduzido a suporte como religioso/espiritual. A presença de um transtorno mental é identificada como um importante risco para o suicídio, o agravamento de seus sintomas em vigência da pandemia se configura como um risco ainda maior. Estressores financeiros e outros precipitadores de suicídio, como aumento do uso de álcool e drogas e violência doméstica, também tendem a se elevar neste momento de pandemia.
O risco existe em qualquer faixa etária, desde crianças até idosos; mas o risco de suicídio é duas a três vezes maior na população idosa: naturalmente são pessoas sensíveis à solidão e ao isolamento, pois costumam depender de forte apoio social, e agora se veem obrigados a manter este isolamento por estarem no grupo de risco para agravamento dos sintomas da Covid-19.
Entender e aceitar que a pessoa que pensa em suicídio está tendo um sofrimento tão grande, que considera tirar a vida para acabar com este sofrimento, é o primeiro passo para prevenção, além de escutar, disponibilizar-se a um diálogo empático, sem críticas e julgamentos. E logo procurar atendimento no serviço de saúde mais próximo, para que seja avaliado o risco e encaminhado ao tratamento adequado.
Bruno Lo Iacono Borba – médico Psiquiatra