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Cine Apolo e Cine Victória

Santa Cruz do Sul tinha dois grandes cinemas, que eram o centro cultural da cidade: Cine Apolo e Cine Victória, para onde convergiam as atenções de todos que apreciavam a arte cinematográfica. Além disso, o Colégio Mauá exibia em seu auditório filmes em 16 mm, máquina que eu operava sábados à noite, com cartazes que produzia para anunciar as atrações do fim de semana, dos quais me lembro de Moby Dick, que fez muito sucesso.


Mas voltemos aos cinemas que eram a atração da cidade, com filmes de grande sucesso nacional e internacional, especialmente a fase de ouro do cinema alemão, como “Das Blaue Meer und Du” e as “Gêmeas de Zillertall” e “Cleópatra” e os “Os Dez Mandamentos”.


Mas domingo à tarde o sucesso em ambos os cinemas era a Matinê para a turma jovem, com filmes de muita ação e torcida pelo mocinho, por quem havia verdadeira torcida ao vivo, como se fosse estádio de futebol. Lembro bem da criançada que ficava em pé, na frente da tela, com torcida sonora pelo herói do filme.


Quando era um filme do oeste americano, na luta contra os índios, quando as balas cantavam, a ponto de a gente se baixar atrás das poltronas, porque o realismo produzia efeitos de arrepiar. O grande herói era John Wayne, presente na memória de quem viveu aquela época.


O Cine Apolo exibia à noite filmes da época de ouro do cinema francês, proibidos para menores de 18 e 21 anos, com cenas de nudez feminina, com destaque para Brigite Bardot, em “Deus criou a Mulher”, em que ela contracenava com Marcelo Matroiani.


Assim, sucediam-se especialmente os fins de semanas em que os dois cinemas acolhiam as famílias cuja opção era curtir filmes de grande expressão cultural e artística. O programa dos internos do Mauá domingo à noite era ir ao cinema. Mas tudo isso acabou, porque o avanço da televisão trouxe outras atrações, e o cinema foi definhando até perder espaço quase totalmente.