Começou quarta-feira, no STJD, no Rio, o julgamento do Grêmio pelos atos racistas da torcedora Patrícia Moreira, durante o duelo contra o Santos, na Arena, pela Copa do Brasil. A jovem de 23 anos foi flagrada em close pelas câmaras da ESPN gritando a plenos pulmões “macaco” para o goleiro Aranha. A direção do clube – que foi excluído da competição – publicou nota de repúdio contra a injúria racial. E, no jogo seguinte, os jogadores entraram em campo carregando uma faixa com a inscrição “Somos azuis, pretos e brancos. Chega de racismo”.
A enquete do site de um jornal gaúcho quis saber o que pensam os leitores a respeito do caso e fez o seguinte questionamento: “O Grêmio deve ser punido pelo ato de racismo dos torcedores contra o goleiro Aranha?” Dê uma olhada no resultado: Sim, mas apenas com multa: 5,26%; sim, com exclusão da competição: 16,54%; sim, mas com perda de mando de campo: 10,53% e não, apenas os torcedores merecem punição na Justiça: 64,91%. Eu faço parte desse último time, pois, como gremista, Patrícia Moreira não me representa.
A vida da jovem virou um verdadeiro inferno. Ela recebeu ameaças de estupro e até de morte pelas redes sociais e teve que fugir de Porto Alegre depois de sua casa ter sido apedrejada pelos próprios torcedores tricolores, que não a estão perdoando pelo estrago que sua atitude racista pode causar ao clube. E, para piorar, ainda perdeu seu emprego, o que confirma a veracidade do ditado “respeitar para ser respeitado”.
A falta de respeito pelos outros está cada vez mais em voga em nossa sociedade. É o filho que “bota banca de machão” e não respeita os pais. É o “atleta de fim de semana” que sai de casa para agredir o árbitro no campo de várzea. É o estudante que pratica bullying contra os colegas. É o aluno que agride o professor dentro da sala de aula. É o professor que joga giz na cara do aluno. É o motorista que para no meio da rua e não dá a mínima para o que vem atrás. É a empresa que não respeita o cliente nem quando ele tem razão. É o artista que desrespeita a crença católica e expõe na bienal de São Paulo uma imagem de Nossa Senhora Travesti. É o cineasta que incita o preconceito religioso e apresenta o filme que simula a destruição do recém-aberto megatemplo de Salomão, dos evangélicos da Igreja Universal.
Enfim, o sentimento cristão de respeito pelos outros está cada vez mais raro. Você viu ele por aí?