Dom Canísio Klaus*
Estamos vivendo e celebrando o sagrado tempo do Tríduo Pascal, que nos coloca em contato com a centralidade da nossa fé cristã, fazendo memória da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
O Tríduo Pascal é o espelho da vida humana, da história da humanidade e é também a projeção da vida pessoal de cada um de nós. Da vida pessoal de quem se coloca na estrada de Jesus como discípulo e discípula do Evangelho.
Na eucaristia, cuja instituição celebramos na quinta-feira santa, nos alimentamos com o pão da vida e aprendemos de Jesus a fazer do serviço e da caridade nosso modo de viver e ser: “Dei-vos o exemplo, para que, como eu vos fiz, também vós o façais” (Jo 13,15). Sofremos e passamos por momentos angustiantes em nossos “Getsemani”, sentindo-nos abandonados por Deus e pelos amigos. Nestas horas podemos rezar com Jesus: “Meu Pai, se é possível, que passe de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26,39).
Como Jesus, também nós passamos pela sexta-feira dolorosa e fazemos a experiência do silêncio de Deus. O silêncio divino que acompanhou a Paixão de Jesus, também acompanha nossas vidas, especialmente na ausência da saúde. Procuramos viver em Deus, mas o percebemos silencioso. Neste momento o sentimento de abandono toma conta de nossa alma ao ponto de clamarmos em nossa angústia: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mc 15,34).
A ressurreição de Jesus, no entanto, é a prova evidente de que Deus nunca abandona a pessoa que deposita sua confiança nele. Deus se comunica, inclusive, no silêncio. Ele jamais está ausente, mas caminha conosco como luz em nossas noites e como proteção em nossas doenças.
O que fazer para sentir a presença silenciosa de Deus? A única exigência é a fé, entregando-nos totalmente nas mãos de Deus. No auge do silêncio divino, Jesus entregou ao Pai o seu espírito, a sua vida, por confiar que Deus estava com ele: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). A resposta veio pela Ressurreição. Aliás, não existe ressurreição sem fé, sem a confiança inabalável de que Deus, mesmo silencioso, está conosco, está entre nós, no coração renovado e purificado pela fé e pelo amor.
Desejamos boas celebrações neste Tríduo Pascal a todos os irmãos e as irmãs. Que saíamos fortalecidos na fé no Cristo ressuscitado.
Feliz Páscoa! Aleluia.
*Bispo Diocesano