Alyne Motta
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Desde 1999 Angela Beatriz Kelber não mora longe dos pais, mas isso não quer dizer que ela não tenha um contato próximo com a família, que mora em Santa Cruz do Sul. Toda noite, o telefonema é sagrado. Quem vê a cena pode pensar que ela reside em uma cidade vizinha ou em outra cidade do Brasil.
Mas não… desde 1999 Angela mora nos Estados Unidos. Passou por diversos locais e atualmente reside na cidade de Wind Lake, no estado de Wisconsin, próximo a Chicago. Morar lá é a realização de um sonho de criança. “Sempre desejei morar lá, um sonho de infância, e quando surgiu a oportunidade, não desperdicei”, revela.
Formada em Relações Públicas pela Universidade Federal de Santa Maria (Ufsm), acabou indo para São Paulo, onde recebeu uma proposta de trabalho. De lá, ganhou uma proposta de estudo em terras americanas e foi. Como já tinha um domínio da língua inglesa, pois era intérprete do Rotary, seria uma oportunidade de ganhar fluência.
“Fui com visto de estudante para fazer uma especialização em marketing, que era a área que eu atuava. Porém, consegui o visto de permanência e fiquei”, comenta Angela, que hoje é cidadã americana, mas não esquece suas raízes. “A única coisa que fala mais alto é a saudade que tenho dos meus pais”, acrescenta.
De férias no Brasil (ela retorna amanhã para os Estados Unidos), aproveita para ficar o maior tempo possível com a família. Dessa vez, veio junto com o marido, Rader Vopalka, que é natural da República Tcheca e também é cidadão americano. O casal se conheceu por intermédio de amigos.
Essa é a terceira vez que ele vem para o Brasil. “Procuramos visitar nossas famílias sempre que possível, já que ambas são de longe”, explica Angela, que também serve de tradutora para o marido, que entende algumas coisas em português. Quando perguntado sobre o idioma, Rader diz que é “bom”.
Uma vida nos Estados Unidos
Embora tenha uma formação em comunicação social, Angela não atua com isso em terras norte americanas. Ela atua na Escola de Educação Continuada da Universidade de Wisconsin Milwaukee (UWM), situada em Milwaukee, cerca de 50 quilômetros de distância da cidade que reside.
Ela gerencia programas para graduados. “Meu trabalho consiste em ver em que áreas podemos oferecer qualificação para quem precisa. Como são cursos mais rápidos, estou sempre procurando novas oportunidades”, comenta a gaúcha, que trabalha das 9h às 17h, com intervalo de 1h de almoço.
Diferente de Angela, o marido Rader trabalha na área de paisagismo. “Todos os dias trabalho no mesmo lugar. Vou e volto para casa e durante o dia atuo em uma sala fechada. Ele não, a cada dia tem um ‘escritório’ diferente, em lugares bonitos”, comenta. “Na área de serviços (que é o caso de Rader) os americanos pagam muito bem”, acrescenta.
Morando na frente de um lago, Angela e Rader gostam muito de esportes como andar de bicicleta, remar o caiaque e também esquiar no inverno, que pode chegar a mais de 20 negativos. “Somos muito caseiros, então aproveitamos os momentos de lazer para fazer atividades juntos”.
Sobre a alimentação, a gaúcha comenta que é bem diferente da brasileira. “Feijão é quase impossível achar. Eles costumam comer bastante sanduíches e hambúrguer, sem falar do refrigerante. Como não sou muito adepta, acabo consumindo comida mexicana, que é mais leve e próxima com a nossa”, comenta.
Realizada com as escolhas que fez na vida, Angela não tem previsões de voltar a morar no Brasil. “Estou muito bem lá. A única coisa que me faria voltar são meus pais, e eles me dão todo apoio possível”, comenta a gaúcha, que sente muita saudade da família. “A ligação diária ameniza a situação e aproveito para abraçar muito quando venho”, finaliza.