É comum escutarmos nossos artistas musicais favoritos, seja em uma rádio ou em um CD, computador, iPod, Mp3 ou qualquer dispositivo de áudio que temos hoje em dia. Os artistas musicais que conhecemos, sejam nacionais ou internacionais, e que ficaram famosos ao longo dos anos, ou mesmo hoje em dia, em algum momento buscaram divulgar suas músicas de uma forma independente para tentar conseguir um grande contrato ou o reconhecimento popular pelo trabalho feito. Esse processo musical atingiu e atinge bandas e músicos nacionais e internacionais sem exceção. Os artistas independentes, ao longo dos anos, tentam sobreviver financeiramente fazendo música, mas a dificuldade em receber o apoio de exposição na mídia e o apoio financeiro dos órgãos públicos em geral muitas vezes põe o músico autoral em uma grande dúvida: é possível viver sendo músico hoje em dia, ou é necessário achar outras formas de renda em função do pouco reconhecimento e escasso apoio público?
SITUAÇÃO NA CIDADE
Letícia de Mello Cardoso Leal
Rodrigo Jaeger, 23 anos, produz de forma independente o seu trabalho autoral, intitulado “O Ópio”
Em Santa Cruz do Sul temos diversos exemplos de artistas e músicos que buscam, por meio do seu som autoral, ganhar o reconhecimento e poder ter o seu sustento através da paixão que tem pela música. É o caso de Rodrigo Jaeger, músico santa-cruzense de 23 anos. Rodrigo, que começou a tocar violão e cantar em 2007, e que já tocou de tudo um pouco, conta que já teve mais de 30 projetos musicais e que não se vê em outra área que lhe satisfaça tanto quanto a música.
O músico admite que, mesmo vivendo financeiramente de sua arte, ganha seu sustento do que produz com os shows em barzinhos e festas tocando sons de artistas e bandas famosas. Entretanto, o grande foco de Rodrigo é o seu projeto de música autoral chamado “O Ópio”. Neste projeto, ele produz as composições, financia – com o que ganha de seus projetos covers – as próprias gravações autorais em um estúdio da cidade e divulga em formato independente as músicas finalizadas na internet.
Rodrigo explica o porquê do investimento em produzir música autoral e não apenas tocar músicas de outros artistas. “Acho que o reconhecimento na música, como arte, só vem quando você tenta passar o que acredita e faz algo que, mesmo dentro de um padrão de influências, seja seu. Acredito que o objetivo maior de qualquer pessoa que trabalha com arte é expressar algo que venha de si por inteiro. E na ótica comercial, o mercado hoje para som autoral talvez seja bem mais difícil do que para quem trabalha como animador de plateia, mas aí entra o que você pensa sobre o que você quer passar. Creio que as dificuldades estão no próprio profissionalismo dos músicos profissionais, que muitas vezes é amador, muitas vezes não há o que vender, não há um atrativo além do ‘música ao vivo’”, ressalta o músico. Ele prepara para o próximo dia 15 de maio o pré-lançamento do EP “A Lógica” – que conta com cinco faixas de autoria própria, gravadas e masterizadas no Estúdio Boca de Sons em Santa Cruz do Sul – do projeto “O Ópio”, na Livraria Nobel (Marechal Floriano, 260), local onde o EP vai estar à venda a partir do dia 19 de maio. O lançamento oficial do registro, no entanto, ocorrerá no dia 17 de maio, no Espaço Camarim (Marechal Floriano, 332).
CULTURAL
Rodrigo conta que as dificuldades do mercado da música autoral são as mesmas do que as outras profissões, só que mais complicado. A falta de profissionalismo com que as pessoas tratam a música, achando que deve ser feita de graça atrapalha bastante, segundo o músico.
“A diferença que vejo em Santa Cruz do Sul é cultural mesmo. A cultura aqui é jogada de lado. A maneira que o poder público apoia a música em Santa Cruz é convidando para tocar de graça, achando que estão fazendo um favor e que não há uma prestação de serviço por parte do músico, que tem gastos com equipamentos, tempo de ensaio, estúdio, fora as apresentações do show em si” revela Rodrigo.
O fato é que vida de músico não é fácil. Exemplos como o de Rodrigo Jaeger ilustra a realidade de um país inteiro. É grande o número de artistas que ficaram fora da mídia, fora do conhecimento do público geral e desistiram em seguir seus sonhos em função do pouco apoio no início de suas carreiras. Com a ajuda atual que o nosso país por inteiro dá a cultura, só mesmo a vontade em produzir uma arte incrível como é a música, algo que provoca uma incrível catarse aos seus amantes, que inspira pessoas nas suas vidas, que muda ideias, pensamentos, expressões, que traz consigo a força da identificação através das letras, e acima de tudo vontade em dizer algo, pode fazer as bandas e músicos seguirem produzindo, gravando novas músicas e fazendo shows. A verdade é que a vida de músico exige mais que talento. É preciso querer fazer acontecer.