nos pedais pela primeira vez
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Guilherme Athayde
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Para três amigos ciclistas, o termo “pegar a estrada” vai ganhar um novo sentido no próximo mês de novembro. Eles decidiram desafiar seus próprios limites e percorrer mais de mil quilômetros em viagem pelo Rio Grande do Sul, em um trajeto que inicia no Vale do Rio Pardo, circunda a Lagoa dos Patos, e será finalizado novamente em Santa Cruz.
A viagem é planejada desde os primeiros meses do ano pelos amigos Roberto Nitsche, Urgel de Souza e Maurício Vieira, que criaram o grupo Rota Tri Ciclotur. Urgel é de Santa Cruz, Roberto reside em Santa Maria, enquanto Maurício é de Torres, no Litoral. Morando em cidades diferentes, eles se conheceram em virtude do pedal, através de um aplicativo do celular que registra o percurso dos ciclistas. A ideia nasceu a partir da vontade do doutorando em filosofia e morador de Santa Maria, Roberto Schmitz Nitsche, que pedala desde 2015 e buscava ampliar os desafios que costuma encarar nos pedais. Ele conta que os três já haviam encarado percursos longos, mas não como os que estão planejando para o mês de novembro.
“Eu conheci o Maurício pelo Strava, o aplicativo, ele já fazia percursos maiores. Depois de um tempo ele me apresentou o Urgel. A gente começou a conversar, eu larguei a ideia de fazer um pedal de mil quilômetros e aí logo depois a gente já estava fundando o Rota Tri Ciclotur”, explica Roberto.
Dez dias de estrada
A previsão é de que os ciclistas levem entre nove e dez dias para completar o trajeto. Prevista para 2 de novembro, a saída será em Santa Cruz do Sul, de onde Roberto e Urgel iniciam o destino, até encontrar Maurício em Capivari do Sul, nas proximidades da Região Metropolitana. A intenção é pegar a ERS- 040 e seguir rumo à Lagoa dos Patos, rumando ao Sul via BR-101, passando por Rio Grande, Pelotas, retornando até a Região Metropolitana para completar o contorno da maior lagoa do Estado, de onde Maurício volta ao Litoral via Porto Alegre, e Roberto e Urgel fazem o retorno ao Vale do Rio Pardo, somando cerca de 1,3 mil quilômetros sobre duas rodas.
A preparação para aguentar o longo trajeto começa muito antes, segundo o funcionário público Urgel de Souza. Apesar de ressaltar que não é atleta profissional, os treinamentos incluem exercícios diários para preparar o corpo.
“Do zero não dá pra fazer isso, alguém que nunca pedalou na vida, por exemplo. Nós vamos fazer uns 150 quilômetros por dia, divididos em dois turnos. Tem que estar na ativa, pedalando, com o condicionamento em dia. Não precisa fazer um percurso desses todo mês para estar treinado, mas tem que estar treinando força e resistência, e fazer pedais mais longos para condicionar o corpo, e se preparar bem com a alimentação”.
Além de cuidar na parte física, a alimentação é muito importante, garantem os ciclistas. As três bicicletas estarão bastante carregadas com comida, ferramentas para manutenção dos veículos em caso de algum imprevisto, e claro, as barracas para acampar durante à noite.
“Provavelmente alguma coisa vai acontecer, como sempre acontece. Mas a ideia é sempre estar preparado” diverte-se Roberto com o planejamento.
diversos municípios
Reprodução
“De tanto a gente passar trabalho, a gente vai aprendendo”, completa Urgel, que, além dos cuidados com a nutrição, ainda precisa ser cauteloso em virtude de sua intolerância ao glúten, o que lhe obriga a levar alguns alimentos na bagagem, para não ficar sem opções de alimento. “Estou levando polenta, arroz, macarrão, salame, sempre levo queijo também, tem que ser alimento não-perecível, além do Whey Protein, creatina e alguns suplementos”.
Já Roberto costuma levar alimentos ricos em carboidratos, para recuperar a energia: “É só o Urgel que tem esse problema com alimentação, eu só levo porcaria (risos). Coisas com o máximo de açúcar possível, levo bolacha, Coca-Cola a gente compra pelo caminho, goiabada, alguma coisa com bastante sal, como bolacha salgada, e eu costumo fazer meus pedais longos só fazendo isso. Alimentação saudável é só depois do pedal”, comenta.
A intenção do trio é percorrer cerca de 150 quilômetros por dia, mas a disposição do grupo é grande, diverte-se o santa-cruzense Urgel: “Por mim eu parava pra descansar a cada 50 quilômetros, mas se dependesse do Roberto e do Maurício, eles fariam os 1.300 quilômetros sem dormir e sem parar, em dois dias”, brinca o ciclista.
As paradas durante o trajeto já estão calculadas, complementa Roberto: “Cento e cinquenta quilômetros é mais ou menos a distância entre cidades. Se a gente conseguir rodar os 150 Km a gente sempre vai acabar próximo ou dentro de algum Centro de cidade, que seria o ideal para a gente passar a noite”. Cada bicicleta deve levar cerca de 20 quilos de bagagens para não faltar nada na viagem.
Além de superar seus limites, os ciclistas ainda terão belas paisagens para admirar, e quem sabe até um mergulho na Lagoa dos Patos pode entrar na programação. “Tem que sobrar tempo e sol também. Às vezes pode sobrar tempo, mas estar frio”, comenta Urgel.
Roberto salienta que as dificuldades durante o caminho são muitas, mas garante que a satisfação de completar o percurso é maior do que qualquer esforço.
“Desde o começo, teu corpo te diz para não fazer aquilo que tu está fazendo. Mas a hora que tu termina, aí vem a dopamina, tu sente que conseguiu superar os próprios limites, fazer várias horas de pedal seguidas, mas durante o pedal não tem muito prazer, pelo menos pra mim”.
“Vai ser algo diferente para todo mundo. Eu nunca fiz essa distância, mas vamos estar em trio. Uma coisa é tu fazer sozinho o pedal. Às vezes tu não está num bom dia, mas um acaba ajudando o outro”, complementa Urgel.
As vivências do grupo durante o percurso serão compartilhadas nas redes sociais via Instagram . Quem quiser acompanhar é só seguir o perfil @rotatriciclotur. A viagem conta com o apoio das empresas Santa Cruz Serviços, Fockink Bikes, Empório dos Orgânicos e Tuber Mello Fotografias.
