O papa vai renunciar ao cargo no dia 28. Bento XVI alegou que, em razão do avanço da idade, já não está mais apto a exercer o ministério petrino. Mas os especialistas têm outras hipóteses: Uns dizem que a saída de Ratzinger se deu devido a ele não ter conseguido cumprir sua meta de “tolerância zero” em relação aos casos de pedofilia na igreja. Outros defendem que foi devido ao escândalo do vazamento de documentos pessoais, que apontaram uma forte resistência na Cúria Romana às mudanças. E ainda há os que concordam com a opinião da deputada Marisa Formolo (PT): “A Igreja precisa ter a coragem de se renovar e a renúncia do papa veio em boa hora”. O certo é que, talvez o mundo jamais saiba os verdadeiros motivos para a renúncia do papa.
Eu, respeitando opiniões opostas, vejo a saída prematura do papa como uma estratégia para a eleição de um líder mais jovem e aberto ao diálogo com o mundo contemporâneo. Basta ver que um dos primeiros compromissos do novo pontífice será durante a Jornada Mundial da Juventude, em Julho, no Rio. Seu desafio? Conter a diminuição no número de fiéis no país, pois, segundo dados do IBGE, a população de católicos reduziu de 73,6% para 64,6% entre 2000 e 2010 e aumentou os brasileiros sem religião. A proporção dos que não seguem nenhum credo subiu 70% em vinte anos, passando de 4,7% para 8%. Por que será? Talvez porque é raro encontrar uma igreja católica ou evangélica que se preocupe com as obras de beneficência. A maioria se distanciou do foco do evangelho e está mais preocupada em ganhar almas com o objetivo de aumentar os valores de seus caixas. E quando os líderes silenciam na questão das boas obras o resultado é um grupo de teólogos frios e aproveitadores na igreja. Jesus certa vez entrou num templo e expulsou os que ali vendiam pombas. A pomba simboliza o Espírito Santo. Quando ele disse “parem de fazer da casa de meu Pai um mercado”, estava exortando os líderes religiosos que exploravam seus seguidores e faziam da palavra de Deus um negócio lucrativo.
Sou cristão. Creio no Deus da Bíblia e há muito deixei de crer em doutrinas de homens que falam em nome de Deus, mas manipulam a fé das pessoas. Já dei palestras para padres e pastores e sei que, no fundo, a maioria deles deseja servir a Deus. Mas vejo que há lobos vestidos de ovelhas que veem a igreja como empresa e os membros como clientes. Visando a maximização dos lucros, de ministros do evangelho se transformaram em vendedores de “pombas”.