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Veganismo: amor, respeito e vida saudável

Sara Rohde
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Amar todos os animais e o planeta. Veganismo é respeito, amor ao próximo, e não deixa de ser amor próprio. Este é um resumo breve sobre ser vegano (a). É a substituição do desejo de comer carne, por uma forma de vida saudável, a de não comer alimentos de origem animal. 
Neste Natal a ceia será diferente. Não haverá sofrimento servido sobre a mesa, e sim, compaixão com deliciosas comidas naturais. Haverá brócolis ao molho, saladinhas coloridas, legumes assados, frutas diversas e as sobremesas de dar água na boca. Mas como preparar esta ceia? Isso é fácil. Basta ter compaixão com outros seres vivos e ter a vontade de celebrar o Natal de uma forma saudável. Não é difícil se adaptar ao veganismo, bem pelo contrário, é mais fácil do que muitas pessoas pensam. Basta querer.
De todas as causas, a mais bela é aquela que escolhe fazer o bem sem olhar a quem. E nesta causa, a vontade de contribuir para a liberdade dos animais, de deixá-los viver sem sofrimento, é maior do que o capricho. E não estamos falando somente de gatos e cachorros, mas também das aves, porcos, bois e vacas, peixes e todos os outros seres de luz do planeta.
E para falar sobre o veganismo, o Riovale Jornal conversou com a Sulane Gollmann, vegana que há três anos pratica o bem pensando em todos os animais, lutando pela vida daqueles, que todos os dias e em todos os fins de ano, morrem em grande proporção para satisfazer o paladar humano. Sulane, escolheu amar e ajudar a salvar todos os seres vivos. 

Sulane: 'O motivo para eu mudar meu estilo de vida foi por amor aos animais, mas, alŽm disso, Ž importante sabermos que os danos causados ao meio ambiente e a nossa saœde s‹o alarmantes'

Riovale Jornal (RJ): Por que se tornou vegana? Teve inspiração de alguém? Fale sobre a escolha. 
Sulane: Me tornei vegana por uma questão ética de respeito e amor aos animais. Antes de me tornar vegana, fui ovolactovegetariana por cinco anos (não consumia nenhum tipo de carne e ainda consumia ovos, leite e seus derivados), mas já possuía desde então, alguns hábitos veganos, como não usar calçados e roupas de couro legítimo, e evitar produtos de marcas que testam em animais. 
Eu pensava que teria grande dificuldade na transição para o veganismo e em manter este estilo de vida, mas busquei conhecimento na internet e em grupos como o Ogros Veganos (que possui receitas incríveis que me mostraram que eu poderia continuar comendo praticamente tudo que eu sempre gostei, em versão vegana); Musculação Vegana (é de grande auxílio para quem treina e para mostrar que com proteínas vegetais também pode-se construir e manter o corpo desejado), entre outros. Desta maneira pude perceber o quanto seria importante fazer a transição para o veganismo, e tive motivação para mudar! 
Existem também documentários que são um verdadeiro choque de realidade, porque algumas pessoas têm a ilusão de que a indústria dos ovos e leite não é cruel com os animais, ou que o consumo de carne não causa malefícios à saúde e ao meio ambiente. Eu sempre indico os documentários: Terráqueos, A Carne é Fraca, Cowspiracy, What the Health, que são muito interessantes e podem ser o gatilho para as pessoas tomarem esta decisão.

RJ: Na tua opinião qual a importância de aderir ao veganismo?
Sulane: Os animais são seres sensitivos e emotivos, e merecem viver tanto quanto nós. Por isso, não devem ser explorados para nos fornecer alimento, nem para uso de peles e couro. Hoje em dia, temos diversos substitutos para a proteína encontrada na carne e em outros produtos de origem animal, tornando cada vez mais fácil se alimentar e se vestir bem, sem que tenhamos que sacrificar vidas. O motivo para eu mudar meu estilo de vida foi por amor aos animais, mas, além disso, é importante sabermos que os danos causados ao meio ambiente e a nossa saúde são alarmantes.

RJ: Quais os benefícios na saúde de um vegano e ao planeta?
Sulane: Os benefícios na saúde são muitos: controle da obesidade, colesterol, triglicerídeos, diabetes e hipertensão, prevenção do câncer, melhora na saúde cardiovascular, mantém os ossos saudáveis, trata a doença de Parkinson e artrite reumatoide. Além destes e outros inúmeros benefícios à saúde, é incrível a sensação de ter a consciência tranquila em relação ao meio ambiente e aos animais. 
Quanto ao nosso planeta: o sistema de pecuária, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), é o maior responsável pelo aumento dos gases que causam o efeito estufa e também o maior responsável pelo desmatamento da Floresta Amazônica. Para proporcionar o espaço necessário à criação de animais, milhões de hectares de floresta tropical estão sendo destruídos, resultando na extinção de inúmeras espécies de aves, mamíferos, répteis e plantas. As técnicas usadas pelos sistemas de baterias intensivas também são responsáveis pela perda irreparável de solo valioso. Enquanto milhões de pessoas morrem de fome por falta de colheitas de cereais, que são utilizadas para alimentar estes animais, outras morrem de doenças semelhantes causadas pela ingestão da carne destes mesmos animais. 
Além disso, o veganismo também ajuda a proteger o meio ambiente de forma mais eficaz, uma vez que a produção de alimentos à base de carne exige mais do que dez vezes mais água do que os alimentos veganos. Ou seja, com a diminuição do consumo de carne e produtos de origem animal, estaremos diminuindo o desmatamento e a poluição atmosférica, preservando espécies e poupando nosso recurso mais necessário à vida: a água.

RJ: O que indica em ações e alimentação para quem tem vontade de aderir ao veganismo? 
Sulane: Aumentando o consumo de frutas, verduras, leguminosas e castanhas é possível criar refeições balanceadas, nutritivas e completamente livres de sofrimento animal. O paladar é fruto do hábito, e o veganismo nos proporciona a oportunidade de explorar cada vez mais os sabores dos alimentos. Muitas pessoas têm o desejo de mudar, mas têm incontáveis dúvidas e medos, por isso sempre indico assistir aos documentários, ler sobre o assunto, entrar em grupos, para que possam ver como é possível comer bem e usar produtos não provindos de sofrimento animal. 
Me disponho a ajudar quem tiver interesse em mudar ou curiosidade em conhecer esse estilo de vida, através do meu instagram @sulanevegan, onde costumo postar também algumas receitas.

RJ: Tem uma alimentação controlada ou balanceada? Tem cuidado com vitaminas e proteínas?
Sulane: Com certeza. Eu mesma fiz acompanhamento nutricional, e recomendo a todos que forem aderir a este estilo de vida. É importante ter uma alimentação bem variada, colorida e completa. Costumo ingerir alimentos ricos em proteínas, como por exemplo feijão, lentilha, proteína de soja, grão de bico, brócolis, berinjela, ervilha, tofu, chia, gergelim, semente de girassol, entre outros. 
Quanto às vitaminas, a única que nós precisamos suplementar, por razão do veganismo, é a vitamina B12. Uma grande parcela da população possui carência desta vitamina, independente de consumirem carne e derivados ou não. No caso dos veganos, esse índice é maior porque não consumimos alguns dos alimentos ricos em B12, que são derivados da carne, ovos e leite. Com uma alimentação adequada, realizando exames periodicamente e suplementando esta única vitamina, a nossa saúde só tende a crescer a cada dia.

RJ: Porque as pessoas prezam mais por animais domésticos do que os outros? Na tua opinião é falta de conhecimento? O que fazer para mudar?
Sulane: Eu acredito que as pessoas não só tenham falta de conhecimento, mas que essa “compaixão seletiva” envolva também a questão cultural, pois a grande maioria das pessoas ainda acredita que os animais existem neste planeta para os humanos, e não com os humanos. No Brasil, nos alimentamos de inúmeras espécies de animais, e achamos um absurdo o consumo de carne de cachorros e gatos na China, porque domesticamos e amamos estes animais como se fossem nossa família. Porque enraizamos esse pensamento de que alguns animais merecem uma vida digna e os outros não? Se formos falar de inteligência, os porcos estão entre os animais mais inteligentes do mundo. É tudo uma questão de consciência, e isso precisa mudar. Cada espécie existe por suas próprias razões, por isso não cabe a nós escravizar, maltratar, explorar e matar.

RJ: Conhece outros veganos no município?
Sulane: Conheço poucas pessoas veganas na cidade. Santa Cruz do Sul ainda tem muito a evoluir nesse quesito, mas é um mercado que tem crescido muito. Em compensação, conheço várias pessoas ovolactovegetarianas, como eu fui um dia, e estas também farão a transição ao veganismo. 

RJ: Qual a atitude de quem não é vegano que mais te incomoda?
Sulane: O que mais me incomoda é quando sou desrespeitada pela minha escolha. Algumas pessoas não entendem a essência de tudo isso, e acabam fazendo comentários infelizes. Outra coisa que me deixa chateada é as pessoas pensarem que os veganos não podem comer praticamente nada, quando na verdade nos alimentamos de maneira tão saborosa e variada.

RJ: Vai às festas, comemorações ou restaurantes, bares que não são veganos? Se sim, o que comer?
Sulane: Costumo dizer que não podemos depender dos outros nestas situações, então quando vou em confraternizações, costumo levar alguma coisa para comer, ou comer antes de sair. Em bares e restaurantes, a clássica batata-frita é uma opção deliciosa e fácil de encontrar.

RJ: O que seria um Natal vegano na tua opinião?
Sulane: Um Natal vegano seria uma comemoração com comida de verdade, regada de amor, paz e respeito aos animais. 

RJ: Como fazer uma ceia vegana? Tem alguma dica?
Sulane: Existem inúmeras receitas incríveis que se encaixam perfeitamente à ceia de Natal. Com criatividade, alimentos saudáveis, temperos especiais e muito amor, podemos saciar corpo e alma e deixar para trás algumas tradições que são cruéis para os animais.

Docinhos funcionais de banana, amendoim e coco s‹o deliciosos e f‡ceis de preparar

Receita vegana para a ceia de Natal 

Docinhos funcionais de banana, amendoim e coco

– 3 bananas médias
– 300g de farinha de amendoim
– 100g de aveia fina
– 50g de coco ralado seco (sem açúcar)
– 2 colheres de gergelim
– 1 colher de semente de chia
– Açúcar mascavo ou demerara a gosto
Modo de preparo: Em uma tigela, amasse as bananas, e em seguida misture com o restante dos ingredientes. Pode ser necessário colocar mais aveia ou farinha de amendoim, o quanto for necessário para que os ingredientes formem uma massa moldável. Use o açúcar mascavo para acertar o doce, (se as bananas estiverem bem maduras, e você quiser um doce mais fit, pode ser feito sem açúcar).
Molde as bolinhas e passe na aveia ou no coco ralado. Mantenha refrigerado por alguns minutos… E está pronto!