A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que o volume de vendas no varejo restrito subiu 1,1% entre os meses de agosto e setembro na comparação dos dados dessazonalizados. O resultado foi disseminado entre vários segmentos do varejo, com destaque para os aumentos observados em “Combustíveis e lubrificantes” e “Super e hipermercados”, ambos de 1,3%. A categoria “Tecidos, vestuário e calçados” subiu 0,7%, enquanto a “Móveis e eletrodomésticos” recuou levemente, -0,1%.
De modo geral, a alta no mês surpreendeu o mercado, uma vez que a mediana das expectativas apontava para uma alta de apenas 0,2% no período. O resultado aliviou, mas não evitou que o terceiro trimestre de 2022 terminasse à frente do segundo, com queda de 1,1% na série de dados dessazonalizados. Na comparação interanual, o varejo subiu 3,2% em setembro e isso contribuiu, mais uma vez, para desacelerar a queda na análise de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses, que passou de -1,4% para -0,7% entre os meses de agosto e setembro.
Na avaliação da Boa Vista, empresa brasileira de inteligência analítica, a desaceleração da queda observada na curva de longo prazo já era esperada, uma vez que o indicador antecedente de movimento do comércio apontava nessa direção. Entre agosto e setembro, a queda no indicador havia passado de -1,6% para -1,0%. “O terceiro trimestre foi mais fraco, o que também não chega a ser uma surpresa, dado que o período carece de datas comercialmente relevantes, mas isso tende a mudar ao longo do quarto trimestre” , avalia o economista da Boa Vista, Flávio Calife.
Ele lembra que o País terá pela frente três eventos sazonais relevantes e outros fatores tendem a impulsionar o varejo. “A taxa de desemprego vem caindo mês a mês, tivemos uma deflação de 1,32% no terceiro trimestre, a inflação deve continuar desacelerando e a renda média real tem melhorado em nível. Ela já está, inclusive, num patamar acima daquele observado no quarto trimestre de 2021. Juntos, esses fatores tendem a compensar o impacto do aumento dos juros e do comprometimento da renda sobre as vendas do varejo. É claro que, nesse sentido, o apelo promocional também será muito importante para atrair o consumidor, que tem sido mais cauteloso nestas datas especiais”, aponta Flávio Calife.