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Valorização dos trabalhadores deve ser o foco

Viviane Scherer Fetzer
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SŽrgio Luiz Pacheco Ž presidente do Stifa h‡ cinco mandatos e permanece no cargo atŽ 2021

Em meio à crise falar sobre a produção de tabaco é um desafio. O número de safristas contratados tem diminuído se comparado a 10 anos atrás. As fábricas de cigarro estão promovendo mudanças em suas estruturas administrativas para conseguirem seguir em frente. A Souza Cruz que é a maior produtora de cigarros do país fechou a unidade de Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre, por entender que os gastos estavam sendo abusivos e continuar apenas com a fábrica de Uberlândia pode ser mais viável. Agora o Brasil conta com apenas duas grandes fábricas produtoras de cigarro a Souza Cruz, em Uberlândia – MG, e a Philip Morris, em Santa Cruz do Sul – RS. 

Em Santa Cruz do Sul os trabalhadores das indústrias do fumo contam com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias do Fumo e da Alimentação (Stifa) que tem mais de 2.500 associados. O Stifa presta serviços aos associados e oferece também atendimentos médicos e odontológicos, além de possuir convênios com médicos especialistas. O presidente do Sindicato é Sérgio Luiz Pacheco, que também é vice-presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Fumo (Fentifumo). 

Segundo Pacheco a safra 2016 merece atenção especial das empresas sobre os preços que serão pagos, “em outros anos se falava na queda do dólar como motivo para a não valorização e agora que o dólar está lá em cima nem se fala nele”, explica. As empresas alegam que os concorrentes na África têm um preço baixíssimo  e que os encargos sociais são mais ainda. “Quem coordena os trabalhos na África são trabalhadores daqui que foram considerados velhos pelas empresas e demitidos e acabaram indo para lá para ajudar a produzir um tabaco parecido com o nosso”, conta o presidente. Os encargos sociais na África são baixos porque as pessoas trabalham pelo seu prato de comida e isso deixou de existir há muito tempo no Brasil, o que torna o serviço um pouco mais caro. Os trabalhadores daqui, segundo Pacheco, são alfabetizados, têm conhecimento de seus deveres e principalmente dos seus direitos e estão ali para conseguir comprar coisas novas para suas casas e suas famílias. 

O número de trabalhadores nas usinas de fumo depende muito da quantidade de tabaco. A compra desta safra está sendo difícil, mas pode-se perceber que os trabalhadores do “chão de fábrica” não estão sendo demitidos porque o que podia ser enxugado em relação a isso já foi e as empresas precisam deles para beneficiar a safra. Segundo o presidente do Stifa o que está acontecendo agora é a demissão de gerentes, diretores e outros cargos administrativos. “Na última safra foram cerca de 6300 safristas e acredito que na próxima esse número não será reduzido, mas tudo depende de quanto tabaco vai ser plantado”, salienta o presidente.  A contratação dos safristas garante a movimentação no comércio e o pagamento em dia de tudo o que eles compram a prazo. Em Santa Cruz do Sul a indústria do fumo é responsável por mais de 50% da arrecadação do município, em 2014/2015 ela movimentou R$ 108,2 mil, segundo Estimativa Estimate. 

Valorização

Além da valorização no preço do tabaco outro fator apontado como importante por Pacheco é a valorização dos trabalhadores do campo e os plantadores. “Sem eles não teria o porteiro, a pessoa que serve cafezinho e muito menos os presidentes das empresas”, reforça Sérgio. Também deve-se levar em conta a questão dos jovens que saem de casa e largam o trabalho na lavoura, “é preciso haver incentivo para que eles voltem, mesmo depois dos estudos e continuem ajudando em casa, eles são o futuro das safras de tabaco”, explica. 

Produção de cigarros

Com o fechamento da fábrica da Souza Cruz em Cachoeirinha o Brasil conta com apenas duas grandes unidades fabricantes de cigarros. Uma delas é a unidade da Souza Cruz em Uberlândia que é responsável por 51% dos cigarros produzidos no país. A segunda fábrica é a da Philip Morris em Santa Cruz do Sul que responde por 17% da produção. Os outros 32% de cigarros vendidos no país são fruto do contrabando que vem do Paraguai. No país da América Latina se produz 63 bilhões de unidades de cigarro por ano, eles consomem apenas 3 bilhões e os outros 60 bilhões são contrabandeados. 

Com o aumento do imposto sobre a venda do cigarro em decreto publicado no Diário Oficial da União, em 1° de fevereiro, a partir de maio os maços ficarão R$1,40 mais caros e em dezembro o valor passará para R$ 1,50. Também foi definido que o preço mínimo do maço, a partir de maio, deve ser de R$ 5,00.

Segundo o presidente do Stifa em Brasília existem impasses entre quatro ministérios que atrapalha as negociações da cadeia do fumo. Os Ministérios das Relações Exteriores e da Saúde tentam de todas as formas proibir a venda de cigarros no Brasil. Já o Ministério da Agricultura defende a produção que na última safra pagou R$24 mil por hectare e tem o apoio do Ministério da Fazenda que entende que o país arrecada milhões com o tabaco. 

STIFA
Os associados do Stifa terão acesso ao trabalho de um escritório especializado para fazer a declaração do Imposto de Renda. Será cobrada uma pequena taxa e os associados contarão com a ajuda de uma funcionária do sindicato para eventuais dúvidas.