Ricardo Gais
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A mais recente pesquisa divulgada pelo Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas da Unisc apontou que a variação do custo da cesta básica nacional do santa-cruzense, entre o período de 5 de julho a 5 de agosto de 2021, passou de R$ 517,81 para R$ 530,38 – aumento de R$ 12,57 (2,426%) -, em relação a julho.
Dentre os 13 itens pesquisados, seis apresentaram elevação de preço, como o Pão Francês (+1,14%), o Tomate (+0,91%) e a Carne Bovina (+0,79%). Com esses aumentos, a cesta básica alcança o maior custo da série histórica do seu levantamento de preços. Os responsáveis por frear o aumento da cesta foram sete produtos, como o Feijão Preto (-0,52%), a Banana (-0,50%) e o Arroz (-0,12%).
Conforme o subcoordenador dos Cursos de Ciências Econômicas e Relações Internacionais da Unisc, professor Silvio Cezar Arend, o aumento da cesta básica ocorre com os alimentos em geral, que estão em uma elevação desde 2020, inclusive mais elevados do que a inflação. “O preço dos alimentos tem subido mais devido a vários fatores, mas principalmente a elevação dos preços das commodities no mercado internacional – fruto do aumento da demanda internacional – e a elevação da taxa de câmbio com a desvalorização do Real frente ao Dólar e Euro”, explicou.
Arend sublinha que a elevação dos preços internacionais pressiona os preços internos, pois os exportadores aceitam abrir mão dos ganhos com a exportação. “É a lógica de mercado. Além disso, a desvalorização do Real pressiona o custo de importação de fertilizantes, por exemplo. Ou seja, aumenta o custo de produção”. Ele acrescenta, “somando os dois movimentos temos a pressão de custos para o produtor e a pressão do mercado internacional para o consumidor”.
De acordo com a pesquisa, um trabalhador de Santa Cruz do Sul que recebeu no início deste mês o salário mínimo, precisa trabalhar mais de 106 horas para adquirir o conjunto de 13 produtos, ou 2,51 horas a mais que o verificado no mês de julho.
O professor destaca que não há sinais da diminuição da demanda internacional e redução dos preços das commodities ou a valorização do Real. “Nada indica, no curto prazo, que os preços dos alimentos e da cesta básica tenham redução. O mais provável é que continuem em processo de elevação, ainda que, talvez, num ritmo menor do que o verificado até agora”, apontou.
A pesquisa feita em Santa Cruz do Sul levou em consideração a mesma metodologia utilizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Diesse), o qual aponta que o valor do salário mínimo no Município, para o mês de julho, deveria ter sido de R$ 4.422,32 para uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Conforme o Diesse, as cestas mais caras registras são de Porto Alegre (R$ 656,92), Florianópolis (R$ 654,43) e São Paulo (R$ 640,51). No período entre julho e junho deste ano, a cesta básica de Porto Alegre teve a segunda maior elevação nos preços (28,5%).
Entre os produtos responsáveis por impulsionar o custo da cesta básica está o tomate, que em julho teve alta em 15 capitais. Segundo o Dieese, o aumento está relacionado ao frio que atrasou a maturação do fruto, diminuindo a oferta.