A Associação de Turismo da Região do Vale do Rio Pardo (Aturvarp) realiza neste sábado, 8, às 15h. o lançamento do projeto do Geoparque do Vale do Rio Pardo. A ação será realizada no Auditório do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Candelária, localizado no Parque Itamar Vezentini, durante a Festa da Colônia do município. O projeto visa o credenciamento do Geoparque – que compreende os municípios de Venâncio Aires, Santa Cruz do Sul, Candelária, Vera Cruz, Vale do Sol e Rio Pardo – junto à Unesco, órgão vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU), tornando a região um dos destinos de turismo e pesquisa científica na paleontologia.
Segundo o presidente da Aturvarp, Djalmar Marquardt, a criação do Geoparque do Vale do Rio Pardo, e posteriormente o seu credenciamento junto à Unesco, tornará a região referência na pesquisa científica e no turismo de paleontologia, fixando o Vale do Rio Pardo na cena internacional. “Estudos paleontológicos feitos aqui revelam que toda esta formação geológica, que vai de Venâncio Aires até Candelária concentra uma riqueza muito grande, contendo fósseis de espécies de animais inéditos, ou seja, que não foram descobertos em outras partes do mundo”, salienta.
Além do benefício científico, e da atração de recursos para a pesquisa paleontológica, por meio de universidades e organismos internacionais, há um grande potencial geológico, já explorado na região, mas que ganhará nova conotação a partir da criação e credenciamento internacional do Geoparque. “Será uma nova janela para a região, com benefícios para todos os municípios envolvidos. Esta estrutura reforçará o que já existe, como o Museu Paleontológico de Candelária e pontos turísticos conhecidos, como a paleotoca existente no Parque da Gruta, em Santa Cruz do Sul”, pontua Marquardt.
O projeto do Geoparque do Vale do Rio Pardo é assinado pelo geólogo Enoir Greiner. Segundo ele, iniciativas como esta tornam-se importantes para as comunidades regionais, pois proporcionam a preservação do patrimônio natural e cultural. “Isto favorece o fortalecimento das economias locais, por meio do incremento ao turismo, que será amplamente divulgado, a partir da sua inclusão na Rede Mundial de Geoparques da Unesco.” Atualmente, existem 195 geoparques espalhados pelo mundo, a maior parte deles na Europa. No Brasil, há cinco reconhecidos pela Unesco, três deles no RS (Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, Geoparque Caçapava do Sul e Geoparque Quarta Colônia). A apresentação do projeto para a comunidade ocorre neste sábado, dia 8, a partir das 15 horas, no Auditório do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Candelária. O evento faz parte da programação da Festa da Colônia, que iniciou nesta sexta-feira, 7 e segue durante todo o fim de semana no Parque Itamar Vezentini. “Candelária foi escolhida para apresentação do projeto, por ser já reconhecida como um roteiro turístico e de pesquisa paleontológica na nossa região”, complementa Djalmar Marquardt.
Desenvolvimento da ciência e do turismo
Como o conceito de geoparque é amplo e contempla vários ramos de pesquisas científicas e socioculturais, no caso do geoparque regional os eixos de pesquisa serão descentralizados, envolvendo as universidades regionais, como a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e a Universidade do Vale do Taquari (Univates), assim como outras instituições e o próprio Serviço Geológico do Brasil (SGB- CPRM). Na proposta, apresentada aos sete municípios que fazem parte da formação, a gestão do Geoparque do Vale do Rio Pardo ficaria a cargo da Aturvarp.
Na construção do projeto a Aturvarp conta com o auxílio, neste momento, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa). O professor doutor Felipe Lima Pinheiro presta auxílio à Aturvarp, por meio de assessoria científica para elaboração da proposta. “Sou paleontólogo e coordeno o Laboratório de Paleobiologia da Unipampa, do campus São Gabriel. Trabalhamos já há algum tempo com fósseis da região compreendida pela proposta de Geoparque, especialmente aqueles que vieram de Candelária. Na verdade, Candelária é um dos municípios do Rio Grande do Sul com maior ocorrência de fósseis do período Triássico, data do surgimento dos primeiros dinossauros”, explica.
Pinheiro que estará no lançamento do projeto, no próximo sábado, destaca que a criação de um geoparque é um passo fundamental para a preservação do geopatrimônio da região contemplada. “Além disso, a exemplo de outros geoparques, tal iniciativa abriria espaço para a geração de renda a partir deste patrimônio, em iniciativas que prezam pelo geoturismo e pela confecção de produtos com temática paleontológica pelas comunidades locais”, pontua. De acordo com o pesquisador, a Paleontologia é uma ciência que tem o importante papel de aproximar a sociedade do conhecimento científico, de forma que o potencial paleontológico de uma região possa de fato alavancar suas potencialidades turísticas.