O Brasil deu um grande avanço no combate à pandemia de Covid-19 ao deflagrar a vacinação de crianças de cinco a 11 anos de idade nessa semana. Portadores de comorbidades e de deficiências foram colocados no grupo prioritário, mas em Santa Cruz do Sul a expectativa da Secretaria Municipal de Saúde é aplicar as doses em 10.338 jovens dessa faixa etária até abril.
A supervisora de Atenção Básica da Saúde, médica Clauceane Venzke Zell, ressalta que as vacinas são uma importante ferramenta no controle de doenças infecciosas de um modo geral. Ela enfatiza que muitas dessas moléstias foram controladas e até mesmo erradicadas graças à imunização da população, o que também impede que enfermidades se manifestem de maneira mais severa. “A importância de vacinar as crianças contra o Covid-19 é justamente evitar as formas graves da doença, a transmissão do vírus para pessoas mais suscetíveis e realmente protegê-las”, enfatiza.
Clauceane lembra que as vacinas contra o coronavírus tiveram sua eficiência e segurança comprovadas por diversos estudos internacionais. Países como Alemanha, Argentina, Áustria, China, Estados Unidos e França já iniciaram sua aplicação em crianças, sem registrar casos significativos de reações adversas. O Brasil passou a integrar este grupo de nações nessa semana, com a aplicação de doses pediátricas da Pfizer-BioNTech. “Os órgãos brasileiros de regulação, após a análise de documentos e estudos apresentados, liberaram a vacina para aplicação segura no público infantil”, frisa.
A médica destaca, entretanto, que qualquer vacina pode causar reações adversas. No caso da Pfizer para crianças, elas costumam ser leves. As mais comuns, segundo Clauceane, são dor e vermelhidão no local da aplicação, cansaço, dor de cabeça e inchaço local. Ela recomenda aos pais que, caso isso aconteça, seja ministrado analgésico pediátrico ao qual a criança já esteja acostumada e, em caso de dúvida, procurar a unidade de saúde mais próxima.
Clauceane destaca o efeito positivo que a imunização na população adulta provocou, com a redução de casos graves e óbitos, e projeta o mesmo resultado para o público infantil. “Precisamos proteger as crianças e fazer com que elas também passem a apresentar casos leves de Covid, como os adultos agora estão tendo. Ano passado, os doentes por coronavírus ficavam muito debilitados, hoje praticamente não temos casos assim”, avalia, ressaltando que crianças também precisarão receber a segunda dose da vacina, com um intervalo de oito semanas da primeira.
Além do imunizante da Pfizer, uma nova opção para crianças e adolescentes foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na quinta-feira, 20. A CoronaVac, a mesma utilizada em adultos, sem nenhum tipo de adaptação para versão pediátrica, será aplicada em jovens de seis a 17 anos, exceto em casos de imunossuprimidos (com baixa imunidade), em duas doses, com intervalo de 28 dias. Quem tiver comorbidade também poderá receber essa vacina.
Ministério da Saúde vai usar Coronavac
O Ministério da Saúde anunciou ontem a inclusão da Coronavac para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19. A pasta abriu negociações com o Instituto Butantan, responsável pela produção do imunizante, para a aquisição de doses. A decisão ocorreu um dia após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar o uso do segundo imunizante para jovens – o primeiro foi o da Pfizer.
Nessa sexta-feira, em Brasília, o secretário executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, informou que a pasta oficiou o Butantan para saber qual o quantitativo disponível para uma possível compra. A instituição de pesquisa respondeu com a disponibilidade de 7 milhões de doses. No entanto, o contrato ainda depende de um levantamento dos Estados, pois ainda há 6 milhões de doses em estoques do governo federal, além de outros 3 milhões em diferentes unidades da Federação.
“A gente vai provocar os Estados para que eles nos informem se querem receber Coronavac ou Pfizer e quanto tem na rede estadual e municipal, para que façamos distribuição mais equânime”, explicou o secretário executivo. Segundo Cruz, o processo deve ser concluído na próxima semana, a depender do levantamento dos Estados. Em nota, o Instituto Butantan informou que pode ampliar a produção para além dos 7 milhões, caso haja interesse por parte do Programa Nacional de Imunizações.
A decisão do Ministério da Saúde vem também um dia após o governo de São Paulo iniciar a vacinação de crianças com Coronavac, o que mobilizou governadores de outros Estados a pressionarem Brasília pela liberação imediata do imunizante. Mais cedo, o governador do Piauí, Wellington Dias, divulgou em nota que obteve resposta positiva de Rodrigo Cruz. Alguns Estados que estão sem estoque devem receber emergencialmente um quantitativo que o Ministério tem guardado para já poder começar com a vacinação. (Agência Brasil)