Início Saúde Uso irresponsável de medicamentos causa riscos à saúde

Uso irresponsável de medicamentos causa riscos à saúde

No dia voltado a conscientização sobre a automedicação, profissional alerta sobre transtornos

Luciana Mandler
[email protected]

Excesso de medicamentos pode ocasionar problemas renais e de fígado, os mais comuns. – Foto: Luciana Mandler

A automedicação traz riscos à saúde, pois o uso incorreto de remédios pode ocasionar diversos outros problemas. É pensando em conscientizar e alertar a população que foi criado o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, celebrado hoje, 5 de maio. A data, além de reforçar a importância de utilizar medicamentos corretamente, também reflete sobre o descarte adequado.

Para quem ainda não sabe, até mesmo aqueles remédios mais “simples” e que parecem “inofensivos” à saúde, podem trazer sérios riscos. “O uso de medicações, mesmo as livres de prescrições médicas exigem cuidados”, frisa a farmacêutica Caroline Dutra. “Tem algumas medicações simples, como para dor de cabeça por exemplo, que para quem é diabético ao tomar precisa cuidar, pois tem uma capa de açúcar na volta, que são os casos das drágeas”, explica.

A profissional explica ainda que cada medicação pode trazer um risco, mesmo que o mais simples. “O paracetamol – há quem tome como se fosse bala – ele faz mal para o fígado”, exemplifica. “Vale o alerta, porque se não cuidar você pode acabar tratando aquele problema na hora, mas ao tomar de forma irresponsável vai acabar tendo outros problemas de saúde”, acrescenta.

A farmacêutica destaca que o excesso pode ocasionar problemas renais e de fígado, os mais comuns. “A cirrose medicamentosa está começando a ter aumento de casos considerados em função do excesso de medicação, excesso de vitaminas que não deveriam ter em tanta quantidade”, alerta. Ainda, de acordo com Caroline, o corpo vai armazenando até que depois comece a eliminar. “O organismo não consegue eliminar tudo de forma rápida. Além de colocar dinheiro fora até eliminar do organismo, o remédio vai estar causando danos”, completa.

NA LISTA DAS COMPRAS

Como alguns medicamentos não exigem receita médica, se tornam de fácil acesso. É o caso dos antigripais, xaropes, remédios para cefaleia, para tosse, dor de cabeça, problemas estomacais, azia, má digestão, intolerância à lactose. “Mesmo assim é bom ter alguma orientação”, aponta Caroline. “O xarope, por exemplo, existe vários tipos para a tosse, que vão desde tosse seca, alérgica, com secreção (catarro). Ou seja, tem muitas coisas que vão envolver na escolha desse medicamento”, avalia. “Mesmo sendo medicamentos livres de prescrição, ainda assim é preciso tomá-los com cuidado”, frisa.

NA PANDEMIA

Com a pandemia da Covid-19, muitas pessoas estão se automedicando, principalmente após alguns médicos reforçarem que o “tratamento precoce” é bom. Porém, a comunidade não se dá conta que uma medicação consumida de forma errada pode acarretar em outros problemas.

Além do uso de Ivermectina e suplementos como Zinco e vitaminas C e D, há pessoas que agora querem tomar corticoide, a exemplo o Dexametasona. “Para quem tem problema renal, o corticoide tem que ser tomado com cuidado. Mas como a pessoa sabe se pode ou não consumi-lo?”, indaga Caroline. Anticoagulantes também estão entre os remédios. Eles podem trazer problemas de hemorragia.

Sobre o Ivermectina, a profissional reforça que a concentração máxima no sangue dura 18 horas, mas fica armazenada no fígado por até 12 dias. “Há quem ache que a medicação dura só um dia no corpo, mas não”, enfatiza.

DESAFIOS

Para finalizar, a farmacêutica orienta que as pessoas cuidem e procurem um médico antes de se automedicar. Inclusive, esse é o maior desafio: fazer com que as pessoas utilizem de forma racional os remédios. “Tem essa moda de tomar medicação sem comprovação, mas é preciso estar atento e cuidar, pois já tem retorno de pessoas que estão passando mal. Realmente é preciso cuidar para tomar medicação correta e não tomar em excesso. Fazer de forma consciente”, conclui.