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Uso incorreto danifica brinquedos

LUANA CIECELSKI
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Feche os olhos e imagine que você é uma criança e que para se locomover precisa utilizar uma cadeira de rodas. Agora imagine que na cidade em que você vive foi instalado, em uma praça no Centro da cidade, um balanço destinado a pessoas cadeirantes. Imagine a alegria que você sentiria. Mas então, imagine que você foi até essa praça e não pode utilizar o brinquedo porque ele foi danificado pelo uso incorreto. O quão chateado você ficaria?

Pois é exatamente isso vem acontecendo no Centro de Santa Cruz do Sul. Junto ao playground existente na Praça Getúlio Vargas foram instalados, em 2015, dois balanços para cadeirantes. Aqueles que mais utilizam esse espaço, porém, não são os cadeirantes, e sim outras crianças que sobem em grupos nos balanços especiais. Como consequência, um dos equipamentos está atualmente danificado, e as crianças cadeirantes sem um de seus brinquedos. 

Um dos balanços destinados para cadeirantes (o vermelho) não pode ser usado porque está danificado e encosta no chão

Buscando chamar a atenção para esse fato, a escritora Valéria Mayer fez uma publicação em sua página no Facebook no último fim de semana. No texto, Léla, como é conhecida, destaca que a culpa não é das crianças que afinal só buscam a diversão, mas que falta aos pais um pouquinho mais de consciência e que eles devem ensinar aos filhos, desde cedo, sobre o que é correto ou não. E bom, aqueles balanços são para cadeirantes, e apenas para eles. 

Os equipamentos foram instalados em junho de 2015 a partir de uma ação solidária realizada por alunos do curso de Fisioterapia da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e hoje a manutenção é de responsabilidade da Prefeitura de Santa Cruz do Sul. Segundo o Secretário de Transportes e Serviços Públicos, Gérson Vargas, as manutenções fazem parte da rotina dessa e de outras praças, mas os danos nos equipamentos são comuns. 

Postagem feita no Facebook pela professora e escritora Léla Mayer

Ele explica que um dos principais problemas é o peso e a velocidade excessiva aplicados ao balanço. “As crianças sobem em grupos de cinco ou seis, o que força a estrutura do balanço”, comenta. “Além disso, elas também se balançam em uma velocidade muito mais alta do que seria adequada”, completa. Nesses casos, os servidores do município fazem o que é necessário para consertar. O ideal, porém, seria que a equipe de manutenção não tivesse que consertar os equipamentos com frequência, mas apenas mantê-los. 

CONSERTAR: O BALANÇO E AS PESSOAS

O Secretário Gérson esclarece que uma equipe da secretaria visitaria a praça ainda na tarde de ontem, 26 de fevereiro, para avaliar os danos e encaminhar o conserto do balanço. Além disso, a Secretaria de Comunicação (Secom) informou que irá instalar no local uma placa sinalizando que os brinquedos são voltados para os cadeirantes, buscando assim, auxiliar na conscientização das famílias. 

O mais importante, porém, é que cada um de nós faça a sua parte. Uma forma de fazer isso é atendendo ao pedido feito por Léla nas redes sociais: “Peço a colaboração de todos para que compartilhem e também falem com seus amigos, vizinhos, alunos, filhos, afilhados, enfim, que espalhem a informação. Quem sabe, se falarmos sobre o assunto, se levarmos a informação de boca em boca as pessoas possam, aos poucos, ir sabendo e compreendendo que aqueles balanços tem uso específico”. Balanços para cadeirantes são, afinal, para cadeirantes.  

CUIDADO COM O PRÓXIMO
Professora do Curso de Fisioterapia da Unisc, Patrícia Roveda foi uma das responsáveis pelo projeto que instalou na Praça Getúlio Vargas os balanços para cadeirantes, e ainda ontem, ela também falou ao Riovale Jornal sobre o assunto. E ela concorda com Léla. A conscientização é fundamental nesse caso. “Durante um tempo nós trabalhamos no sentido de tentar proibir que outras crianças utilizasse o balanço, mas por fim comecei a pensar que essa nem seja a melhor opção. Não queremos necessáriamente proibir, mas queremos a consciência”, ela explica. 

Para ela não há mal nenhum em uma criança sozinha subir no balanço para cadeirante e utilizá-lo conscientemente. Melhor ainda se no outro balanço estiver um cadeirante, porque assim não há uma segregação. O que não pode é continuar se repetindo a cena de várias crianças juntas subindo e se embalando em grande velocidade naquela estrutura. “E para isso, é preciso conscientizar as crianças e os pais, que são os adultos e devem ensinar os pequenos”. 

Para ela, também é fundamental que as placas informativas sejam instaladas novamente. Elas auxiliava nesse trabalho de conscientização, se não de todos, pelo menos de alguns dos pais, o que já é alguma coisa. E quando soube que essa é uma das intenções do município, Patrícia elogiou e colocou à disposição da Prefeitura os arquivos a partir dos quais foram confeccionadas as placas originais. “Tenho tudo comigo ainda e isso poderia auxiliar no trabalho deles”.