O Dia Mundial de Prevenção do Suicídio é organizado pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e endossado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Representa um compromisso global de chamar atenção para evitar o suicídio.
De acordo com a última pesquisa da OMS em 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso estima-se mais de 1 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil por ano, ou seja, em média 38 pessoas tiram a própria vida a cada dia.
Ainda segundo a OMS, a maioria dos casos tem relação com doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, a maioria dos episódios poderia ser evitada se essas pessoas tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações.
Em decorrência disso e também aliado ao caráter comunitário, a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) disponibiliza acolhimento a essas pessoas. “A Unisc oferece uma diversidade de ações através dos seus diferentes cursos. No Serviço Integrado de Saúde (SIS), oferecemos atendimento psicoterápico à comunidade, sendo que entre os transtornos mais frequentes está a depressão”, destaca o professor Jerto Cardoso da Silva, responsável pela área da psicologia no SIS. Os interessados podem ligar ao telefone (51) 3717 7480 para se inscrever nos acolhimentos, com ou sem encaminhamento.
A psicóloga e mestre em Psicologia pela Unisc, Vanessa Mendes Pinto Mostardeiro, desenvolveu um trabalho de pesquisa sobre o tema. “Foi elaborado um estudo extremamente relevante, realizado numa organização militar, o qual pode proporcionar reflexões a respeito do sofrimento psíquico dos militares propensos à prática de suicídio, além de desenvolver ações interventivas preventivas eficazes para minimizar a possibilidade de risco do suicídio”, aponta.
Dentro dessa pesquisa e ao longo do mestrado, Vanessa detectou que é possível traçar alguns sinais de alerta. “É comprovado que a cada dez suicídios consumados, nove deles poderiam ter sido evitados pelos sinais emitidos, como mudança na personalidade, mudança no hábito alimentar e de sono, raiva de si mesmo, entre outros”, enumera.
Vanessa explica que, em geral, os suicídios são premeditados e as pessoas dão sinais das intenções. “Reconhecer esses sinais de alerta e oferecer apoio ajudam a prevenir. A expressão do desejo suicida nunca deve ser interpretada como simples ameaça ou chantagem emocional. Perguntar sobre a intenção suicida não aumenta nas pessoas o desejo de realizar o ato.”
Sinais de alerta
| Expressões de ideias ou de intenções suicidas, isolamento social, mudanças bruscas de comportamento, como parar de realizar atividades que antes considerava prazerosas;
| Pessoas com comportamento retraído – dificuldade de relacionamento pessoal;
| Mudança na personalidade, irritabilidade, pessimismo, tristeza profunda, acessos de choro ou apatia;
| Mudança no hábito alimentar e de sono;
| Tentativa de suicídio anterior;
| Raiva de si mesmo, odiar-se, sentimento de culpa, de se sentir sem valor ou com vergonha;
| Perda recente de entes queridos – morte, divórcio, separação, dentre outros;
| Histórico familiar de suicídio;
| Deve-se, também, atentar para as frases de alerta: “Vou desaparecer”, “Vou deixar vocês em paz”, “Eu queria dormir e nunca mais acordar”, “Quero desaparecer”, “Não me deixe fazer besteira”, “Sou um peso para as pessoas”, “Não vejo futuro para mim”, “Não aguento mais sofrer”, “Não suporto mais essa vida”, “Ainda vou fazer besteira”, “Minha vida não vale mais a pena”;