Alyne Motta
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Moramos num país tropical. Além de ser abençoado por Deus e bonito por natureza, sofremos com a instabilidade climática. Assim como temos um dia de sol, de uma hora para outra, o tempo se fecha e a chuva cai. E nessas horas, como sempre, somos pegos de surpresa.
Tendo como base acontecimentos cotidianos, como o fato de sermos pegos de surpresa pela chuva e não possuir sombrinha ou guarda-chuva, os publicitários Cristiano Rocha, Carolina Schiehl e Gustavo Petry pensaram no “Salva-Dia”, uma ação piloto de mobilidade urbana, consistindo em guarda-chuvas coletivos.
A ideia foi abraçada pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), através do Reconecte Festival, cuja proposta era trazer o universo da criação coletiva, do ativismo e do empreendedorismo social. Durante um dia, junto com outros quatro grupos, eles desenvolveram o projeto, defenderam e saíram vencedores.
Alyne Motta
Um guarda-chuva coletivo pode salvar o dia de qualquer um
De acordo com Desirê Allram, uma das realizadoras do Reconecte, na mesma maré que expôs de forma ampla os pensamentos sustentáveis há alguns anos atrás, a mobilidade urbana é um tema que toma a cena em conversas triviais e em encontros criativos de uma geração que prefere deixar iniciativas como legado para o mundo.
De forma reduzida, o conceito de uma das frentes de mobilidade urbana dá conta de que é possível o desenvolvimento de ações. Essas ações podem ser chamadas de transversões – onde as pessoas participam como personagens principais da ação – e intervenções – onde a população é impactada, mas não participa diretamente.
O PROJETO
Pensado na forma de transversão, o projeto permite que as pessoas, pegas desprevenidas pela chuva, possam chegar ao seu destino, ou até mesmo seus carros, utilizando guarda-chuvas disponíveis em bases fixadas. Após o uso, o “Salva-Dia” é deixado na base mais próxima para que outra pessoa possa seguir usando.
Para o trio, o “Salva-Dia” propõe uma discussão que vai além da mobilidade urbana. Permite que as pessoas interajam, conversem mais, deem carona umas para as outras e incorporem o espírito coletivo presente nas principais cidades do mundo. “Queremos incentivar a solidariedade e a colaboração”, explica Cristiano.
Mais do que propor soluções, o trio faz uma provocação às demais pessoas que gostam de conversar sobre ações que transformam as cidades. “Você nunca terá uma solução mágica para um problema. Mas você deve observar com olho clínico algo que você já conhece, usando como solução algo que já existe”, indaga Gustavo.
Desirê Allram
Todos os participantes do Reconecte Festival
“Chuva ao meio-dia e no final da tarde são coisas que acontecem na vida de todos, e estraga o humor e o dia de qualquer um. Ações pequenas podem realmente salvar o dia”, acrescenta Cristiano Rocha, que foi o convidado pelo Reconecte Festival a criar um grupo para participar.
O grupo explica também que uma ação concreta educa muito mais do que a teoria. “Nosso objetivo é trazer guarda-chuvas chamativos, para que a população perceba o que está acontecendo. Vamos desenvolver uma ação com poder de replicação”, comenta Cristiano.
O projeto, que está em fase de aprimoramento, deverá ser posto em prática nos próximos meses. Segundo Cristiano, este não deverá ser o único a sair do papel. “Queremos desenvolver outras ideias ao longo do tempo, algumas que até sejam referências para o futuro”, finaliza.