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Uma história para recordar

Diego Dettenborn – [email protected]

Célio Rasquinha, se perguntar por ele nas ruas de Santa Cruz do Sul, talvez pelo nome de batismo poucos o conhecerão. No entanto poucos realmente são aqueles que não conheceram o zagueiro Tião, orgulho da nossa terra. Filho de Satiro Rasquinha e Flora Rasquinha o santa-cruzense, nascido no dia 19 de dezembro de 1950, iniciou no futebol através do FC Santa Cruz, em 1970. Passou por vários clubes do país, foi campeão brasileiro pelo Internacional em 1975 e também levou o título do Gauchão de 76 pelo colorado. Dentro de campo como marca tinha a boa impulsão, a recuperação e o estilo brigador, dificilmente perdia no corpo a corpo com os atacantes.


Zagueiro (D) foi campeão brasileiro pelo Inter em 1975 e disputou a Libertadores de 76

Tião deu os primeiros toques na bola ainda pelas bandas do bairro Senai, berço do santa-cruzense. Com 14 anos foi treinar no Juvenil do FC Santa Cruz, na época atuava como lateral, mas logo passou à posição de zagueiro, instruído pelo treinador Daltro Menezes. “Logo me colocaram na zaga, pela minha estatura acharam que eu me daria melhor atuando como zagueiro central. Tive sorte de pegar um companheiro experiente como o Pitia, que era lateral esquerdo e foi jogar de quarto zagueiro, ele me deu todas as coordenadas e eu consegui me adaptar como zagueiro”. Com 20 anos passou a fazer parte do grupo profissional do time Carijó. A partir daí se desenhava então uma das mais belas histórias dos profissionais da bola de Santa Cruz do Sul.
Por três meses Tião foi emprestado para o Guarani de Bagé, retornando depois ao Galo e mais tarde à Associação Santa Cruz, onde permanecera até o Gauchão de 1975. Pela disposição dentro de campo e também pelo porte físico avantajado, Tião durante a competição chamou a atenção do Internacional, no mesmo ano o zagueiro foi emprestado ao clube da capital. Ainda em 75 o santa-cruzense tornou-se campeão brasileiro pelo Colorado.No ano seguinte, Tião teve seu passe comprado pelo Inter e viveu então o auge da sua carreira. Em 1976 disputou a Libertadores da América e foi campeão gaúcho pelo Inter.

 

 

Arquivo pessoal

 

Tião, no clássico Sport x Náutico em 1977

 

 

 

 

Clássico

Em 1977 Tião então migrou para o futebol do Sport Recife, jogando em um dos principais clubes do nordeste do país, o zagueiro enfrentou momentos difíceis dentro de campo. “Os jogos com o Náutico me marcaram. Era muito complicado atuar em dia de clássico, a torcida atirava de tudo nos jogadores, era muito grande a pressão. São muito apaixonados mesmo pelo clube.” Em 1978 o santa-cruzense foi emprestado para o Juventude de Caxias do Sul, e posteriormente já em 1980 veio para o Esporte Clube Avenida.
Com passe livre em 1981, o atleta atuou pela Associação São Gabriel. Em seguida retornou para o Santa Cruz que estava na segunda divisão e depois subiu para a primeira. Em 1984 foi para o FC Estrela, na cidade de Estrela, onde atuou até o final da temporada. Célio Rasquinha, encerraria sua carreia de sucesso no futebol no ano de 1985.
Apaixonado pelo futebol, o zagueiro que um dia já esteve entre os melhores do país hoje em dia ainda faz aquilo que mais gosta na vida: jogar futebol. Sempre com sorriso no rosto, Tião frequentemente reúne os velhos amigos para uma partida de futebol. Dos anos dourados que viveu dentro das quatro linhas, Tião ainda guarda os verdadeiros amigos, histórias, troféus e medalhas conquistados ao longo da carreira de 15 anos como jogador profissional.

 

Arquivo pessoal

 

Ainda no Juvenil do FC Santa Cruz ao lado do Moacir – 1971

 

 

Dificuldades 

Tião ressalta as dificuldades encontradas por ele em uma época onde o futebol não era movido exclusivamente pelo dinheiro, mas sim pela paixão e pelo amor à camisa. “Hoje em dia se tornou mais fácil ser jogador de futebol, mas é preciso se dedicar, realmente gostar. A gurizada mistura namoro e festa com futebol. No nosso tempo nós nos divertíamos, mas sempre com cautela. Naquela época eu treinava aqui no Santa Cruz de manhã, ia pra casa a pé, almoçava e voltava à tarde para treinar, não é como hoje em dia, que os jogadores tem todo auxílio, ganham almoço e moradia.”
“Jogar na posição de zagueiro nunca esteve tão fácil como está agora. A maioria dos clubes joga com três zagueiros, além de não existir mais o ponta. No meu tempo era complicado. Quem conheceu e viu jogar um Valdomiro ou um Lula, cruzando e lançando dos dois lados e a gente conseguia evitar levar o gol. Saber se colocar dentro da área é o segredo. Hoje eles (zagueiros) se preocupam muito com a bola, e não é bem assim”, conclui Tião.

 

 

 

Diego Dettenborn


Tião atualmente, em entrevista ao Riovale: “No meu tempo, jogar como zagueiro era complicado”