O Presidente Bolsonaro fez a operação mais ousada de sua estada no Palácio da Esplanada, quando decidiu demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Faço esta afirmação, pois no momento mais delicado da crise que a saúde pública atravessa nos últimos 100 anos, o Sr. Presidente demite o seu ministro mais lúcido, por motivações claramente mesquinhas e politiqueiras.
Restou evidente para todos que acompanham a política nacional, que o Sr. Presidente ficou com ciúmes do trabalho reconhecido pela opinião pública do Ministro. A cortina de fumaça sobre saúde versus economia tão propalada por setores do governo não faz sentido, pois o mundo já concluiu que não há sucesso econômico sem saúde. Aliás, o papel do Estado é escolher prioridades em momentos de crise, e ao que vimos, governantes que escolheram a economia dias através, pagaram um preço muito alto, como é o caso da Itália, Espanha, Inglaterra e EUA.
Tivemos a sorte, se assim pode se falar neste momento, do vírus chegar mais tarde aqui em nosso País, e precisamos aprender com os erros dos outros, e não repeti-los. Ao que se viu do Ministério da Saúde comandado pelo ministro Mandetta, e de muitos setores da área da saúde, a intenção não era de repetir os erros dos outros. Mas tal medida desagradou o Sr. Presidente e alguns de seus asseclas, que até agora sempre demonstraram que ainda não entenderam o que está acontecendo.
Ademais, o novo Ministro, pelo que se tem notícia, não tem nenhuma experiência com saúde pública, razão pela qual a sua missão se torna ainda mais difícil, pois a crise é muito séria, e não há tempo para ler manual de gestão pública.
Desta forma, percebe-se que todas as condições criadas dão indicativo de que estamos frente a um momento muito grave, sendo que o Sr. Presidente apostou tudo na sua convicção empírica, que se não for mediada por mentes lúcidas da área da saúde, poderá causar a maior tragédia de nossa história.