Convivemos diariamente com a finitude da vida, mas especialmente agora parece que a vida nos foge entre os dedos sem qualquer condição de interromper a evolução trágica da morte.
É claro que o controle diário da Covid-19 contribui para isso, porque nos confrontamos com estatísticas assustadoras, lidando com a perspectiva da morte como em nenhum outro momento. E o pior: a perda de pessoas próximas, amigos queridos, que infelizmente estão se indo um atrás do outro. E isto é muito doloroso!
Como elaborar isto? Acho que precisamos aceitar que a vida não nos pertence e redobrar o cuidado com ela. E talvez devamos aproveitar a oportunidade de aprender com o legado daqueles que partiram. Cada um deixou uma história inspiradora. E certamente conteúdo relevante de ser pesquisado e conhecido.
Acho que podemos descobrir experiências de vida bem interessantes e ter descobertas que podem nos inspirar em nossos desafios de vida.
Que tal a gente se voltar para pessoas de nossa família que partiram, mas cujo conteúdo não despareceu. Lembro, por exemplo, do meu pai que escreveu um diário sobre o tempo de serviço militar, para o qual foi incorporado à força, mesmo estando casado. Ele foi mandando para a fronteira, porque foi considerado insubmisso, só voltando para casa depois de cumprir o tempo regulamentar de um ano.
Meu pai foi embora sem eu ter esgotado minha curiosidade sobre essa etapa da vida, mas felizmente existe o diário de bordo, recheado de poesias e versos para a esposa.
Assim a morte não precisa apossar-se da vida e sequestrar as memórias dos nossos amados que partiram.