EVERSON BOECK
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A pouca quantidade de chuva nos últimos meses amenizou a seca no interior do município, mas não foi suficiente para alimentar vertentes, mananciais e lençóis freáticos. A informação é da Secretaria Municipal de Agricultura, através da secretária Iraci Luisa Paulus, que concedeu entrevista ao Riovale Jornal na tarde de quinta-feira, 30 de agosto.
Conforme Iraci, a preocupação maior é com o abastecimento no próximo verão. “Até o momento a situação no interior está tranquila, pois as últimas precipitações foram boas para as lavouras e açudes. Porém, não foram suficientes para alimentar o subsolo, os lençóis freáticos. Se não ocorrerem chuvas mais regulares, teremos sérios problemas no verão”, adianta.
Para reduzir ou solucionar os danos causados pela estiagem, durante o inverno a Secretaria Municipal de Agricultura auxiliou as famílias distribuindo material para saneamento básico. “Quando era identificada, na propriedade ou em um local próximo, uma fonte ou vertente, fornecíamos mangueiras e caixas d’água para abastecer aquela família. Também demos apoio para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente que diariamente faz o transporte de água”, relata a secretária.
Segundo Iraci, um dos maiores problemas enfrentados pelos produtores foi quanto ao armazenamento da água. “Muitas famílias tiveram que buscar água em fontes a mais de um quilômetro de distância, então, fornecemos caixas e lonas para fazerem depósitos na propriedade”, comenta.
Em relação às perdas, a secretária afirma que as produções mais atingidas foram as pastagens, hortigranjeiros, fumo e leite. “Além da estiagem, outro fator climático que prejudicou muito foi a geada muito forte neste inverno”, garante.
Para o técnico agrícola e extensionista rural da Emater de Santa Cruz do Sul, Vilson Pitton, a preocupação maior também é com a chegada do verão. “Durante o mês de agosto tivemos pouca chuva, ficou abaixo da média. O normal é 150 milímetros e até o momento choveu pouco mais de 80mm. Neste momento não sentimos maiores dificuldades porque nessa época, em que os dias são pequenos e as temperaturas são amenas, diminui a evaporação e com isso a umidade do solo se mantém por um período mais longo. Por isso a chegada do calor causa apreensão”, observa.
Pitton salienta que as pastagens de inverno tiveram o seu desenvolvimento reduzido pela irregularidade das chuvas. “Os produtores de leite, por exemplo, estão tendo de utilizar silagem para a complementação da alimentação dos animais”, frisa.
De acordo com Vilson, a Emater sempre orienta o produtor para que realize os plantios no período recomendado para cada cultura, respeitando a umidade do solo para o plantio e para que haja uma boa emergência das plantas. “Procuramos realizar, onde é possível, a reserva de água para utilizá-la para irrigação posteriormente. No entanto, a grande maioria das propriedades não possui locais adequados (acidentados) para açudagem e que também não sejam muito distantes das lavouras para realizar a irrigação”, esclarece.
O coordenador da Estação Meteorológica da Unisc, professor Marcelino Hoppe, que também é chefe do Departamento de Engenharia, Arquitetura e Ciências Agrárias da universidade, informou que no mês de agosto choveu 79,6 milímetros (mm) sendo que a média esperada é de 159,9mm. Para o mês de setembro, a precipitação normal é de 175,9mm.
FOTOS: ROLF STEINHAUS
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