Início Geral Turnê de Aquiles Priester e Kiko Freitas desembarca em Santa Cruz

Turnê de Aquiles Priester e Kiko Freitas desembarca em Santa Cruz

Instrumentistas vieram à Batera’s School para ministrar aulas de bateria

Sara Rohde
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Aquiles Priester e Kiko Freitas. – Foto: Rolf Steinhaus

A última segunda-feira foi muito produtiva na Batera’s School, isso porque dois ícones da música estiveram em Santa Cruz do Sul ministrando aulas de bateria. Aquiles Priester e Kiko Freitas participam de uma turnê pelo Brasil e o Município foi a segunda parada da dupla de instrumentistas.

Com uma bagagem de experiência, trabalho e reconhecimento, apesar de estilos diferentes, ambos têm algo em comum, o prazer de tocar e de ensinar. A ideia que surgiu ainda em meio à pandemia foi uma forma de não ficarem parados e também de angariar uma renda.

“Era uma ideia minha, que eu tinha há muito tempo, de fazer com o meu mestre, o cara que me ensinou tudo na bateria, algum evento juntos, um workshop, mas as aulas caíram muito bem, pois eu e o Kiko nos importamos muito com essa parte educacional, em repassar o conhecimento ao próximo, pois a bateria tem que continuar. Temos muito prazer em dar aula e tá sendo muito legal a receptividade”, destacou Aquiles Priester.

Um projeto inédito no Brasil, já que é a primeira vez que dois bateristas de estilos diferentes realizam uma turnê de aulas. “É grande a alegria de estarmos juntos neste projeto pela primeira vez. Isso fala muito sobre o companheirismo, muitas vezes, os instrumentistas do mesmo instrumento entram num clima de ego, vaidade, uma certa rivalidade, o que não acontece, por exemplo, em lugares maiores, onde as pessoas se juntam e agregam conhecimento e fazem o instrumento como um todo evoluir”, enfatizou Kiko. “Acho isso o ponto mais especial desta turnê. Depois é a história de cada um, em estilos que são diferentes, mas que se encontram no âmago da música, no sentido de colocar a bateria a serviço da música da melhor forma”, sublinhou o artista.

A turnê será realizada em 37 dias, sendo 32 datas rodando 10 mil quilômetros no micro-ônibus de Aquiles. A primeira parada foi na Capital gaúcha, após, a Batera’s recebeu os artistas oportunizando aos santa-cruzenses e toda a região, aulas com os melhores bateristas do Brasil.

“É a quarta vez que venho a Santa Cruz compartilhar aulas ou workshop, então é um prazer saber que tem tanta gente interessada. Quero agradecer ao Diego Maracci, um cara incansável, que está sempre buscando conhecimento, um cara que já esteve em eventos nossos e quer sempre se aprimorar para poder passar para a galera que vem estudar aqui”, ressaltou Aquiles. Kiko Freitas também já conhecia o Município desde a época em que estava iniciando sua carreira, em meados da década de 80. “Toquei em bandas, concertos, dei aulas tanto através do Diego Maracci como o Astor Rocha”, disse.

REINVENÇÃO

A pandemia pegou todos de surpresa, principalmente a classe artística, que de uma hora para outra teve que mudar a maneira de trabalhar, precisou se reinventar para não ficar parada e descobrir novas formas de levar arte e cultura ao público.

Para Kiko, que pegou o último voo do Canadá quando iniciou a pandemia, ministrar aulas ao lado do colega de bateria faz parte de um ciclo. “Eu toco com João Bosco há 21 anos e tudo parou. A gente começou a se reinventar, comecei a dar aula on-line no Brasil e para fora do País. Até que veio o que chamo de ciclo, o encontro com o Aquiles, lá nos anos 90, há 30 anos. Passou o tempo e a partir desse ciclo ele me convida para participar desse evento. Quando as pessoas reclamam que está difícil, ele vai lá e toma a frente. Isso é muito importante, uma lição para o público em geral, sendo pandemia ou não, as pessoas acharem um caminho”, comenta o baterista.

A forma de ver e aceitar as coisas depende muito de cada um. Aquiles conta que não acreditava em aulas on-line. “De repente ajudei um monte de gente, fiz muitas lives com bateristas do meu canal. Movimentamos quase R$ 50 mil em arrecadação para outros grupos de músicos e técnicos e também para a Casa Guido, que trata câncer infantil na cidade de Criciúma. Era uma coisa que eu estava fazendo pelo mercado, pela música e pelas pessoas. Eu não podia ficar esperando a pandemia passar para começar a fazer as coisas. Onde todos viram problemas eu via oportunidades”.

Kiko Freitas enxerga a pandemia com dois lados. “A tristeza que a gente sente profunda pelas mais de 200 mil famílias que perderam pessoas e o lado da plantação de uma energia, pois muitas vezes você não está preocupado com todos os passos a serem tomados para isso acontecer, você planta uma ideia, uma energia, um movimento astral, mental e daqui a pouco as condições para aquilo acontecer começam a pipocar em sua frente, pois você estabeleceu um foco, acendeu uma luz e começou a ver os caminhos. Então tem o lado extremante negativo e tem o lado positivo, tem o lado triste, mas tem o lado em que renascem outras coisas positivas”.

EMOÇÃO

Para o aluno Gustavo Rodrigues, 40 anos, é uma grande emoção participar das aulas. “Desde os anos 90, quando comecei a tocar bateria, lia nas revistas antigamente e depois na internet sobre esses caras e agora poder chegar perto deles é bem emocionante. Eles têm uma bagagem musical, cultural, uma história de vida muito legal e poder estar perto deles para absorver um pouco disso é muito importante. Realmente faz a diferença para o cenário cultural. Agradeço à Batera’s School”.

Um sentimento que não é possível expressar, conta o idealizador do evento e proprietário da Batera’s School Diego Maracci. “Para mim ou para a Batera’s, talvez seja hoje um dos dias mais importantes da história, porque são dois bateristas de renome internacional que estão aqui. Um evento muito importante para a música de Santa Cruz e da região”, finalizou.