Embalado pela vitória sobre o Minuano fomos para a penúltima rodada da Copa União de Clubes de Caxias do Sul, categoria Máster, enfrentar a Sociedade Esportiva Canarinho, no estádio La Bombonera. Meu time, o Esporte Clube São Luis, precisava vencer para garantir vaga à próxima fase da competição e eu entrei em campo “pendurado” como dois cartões amarelos.
Começamos bem a partida, de cabeça erguida, pressionando e tomando conta das ações e buscando o tempo todo o gol. Mas o juiz não colaborou: marcou quatro pênaltis contra nós. Não, você não leu errado. Ele marcou quatro pênaltis para o mesmo time, numa mesma partida. Isso deve ser algo inédito no futebol mundial!
O problema não acabou aí. Na quarta penalidade eu, capitão da equipe, irritado, fui tirar satisfação com o árbitro:
– O senhor quer entrar para o Guinness?
– O que você disse? – perguntou o homem de preto.
– Eu perguntei se o senhor quer entrar para o livro dos recordes. Se quiser dou um jeitinho já que conheço o pessoal do Guinness – respondi ironicamente.
O juiz considerou minha atitude uma infração, levou a mão no bolso, tirou o cartão amarelo e, de imediato, me advertiu.
Depois que a ficha caiu, eu me dei conta que o jogador que recebe o terceiro cartão amarelo é suspenso e desfalca o time na próxima rodada. Arrependido, não vi alternativa a não ser descer do pináculo da minha altivez e me humilhar:
– Nada pessoal “professor”, desculpe.
– Tudo bem “capitão”! – respondeu.
– Tem jeito de não registrar esse cartão na súmula do jogo? Não poderei entrar em campo na última partida por ter recebido o terceiro cartão amarelo – apelei para a misericórdia.
– Nada pessoal “capitão”, mas o que você plantou…, vai colher! – sorriu.
Naquele dia, aprendi uma lição: é melhor raciocinar bem antes de falar, antes de fazer, antes de escolher, antes de decidir. É melhor refletir sobre as conseqüências de cada escolha, de cada ação, pois algumas podem ser irreversíveis. Portanto, nada faça para desfazer, pensando que ainda poderá refazer. Nós podemos escolher o que plantar, mas somos obrigados
a colher aquilo de plantamos. Tudo “muda de figura” quando internalizamos esse precioso conselho.
Quer saber como o jogo acabou? Perdemos por 4X3 e eu encerrei minha participação na Copa União 2011 com uma rodada de antecedência, ratificando o ditado: “Tudo o que você planta um dia você colhe”.