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Tradição germânica retomada

LUANA CIECELSKI
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A Prova de Rei do Tiro faz parte da história de Santa Cruz do Sul. É mais antiga que o município, na verdade. Mas durante muito tempo ela ficou quase esquecida, porque questões burocráticas dificultaram a prática e novas atividades substituíram esse esporte. Desde o ano passado, no entanto, os associados do Clube de Tiro de Santa Cruz começaram a resgatar esse exercício e nesse ano, pela primeira vez ele passou a ser parte da programação da Oktoberfest. 

Mais de 70 homens e mulheres disputaram o cargo de Rei e Rainha do Tiro

Tudo começou em meados de 1850 quando os imigrantes alemães chegaram ao sul do Brasil. Na época, conforme conta o presidente do Clube de Tiro, Ivan Keller, não havia quem fizesse a segurança das regiões colonizadas, por isso, as próprias famílias colonizadoras precisavam saber se defender. Mulheres, homens e crianças costumavam treinar a pontaria com as armas da família. Assim, surgiram as primeiras competições. 
    
Na época, segundo Keller, era costume que a cada período de Páscoa fosse realizada uma festa para o Rei do Tiro, ou seja, aquele que vencia a competição e que poderia ser considerado como o grande defensor de uma determinada região. E é justamente essa prática que se pretende resgatar. 

As provas

A primeira edição da Prova de Rei do Tiro da Oktoberfest aconteceu durante a última quinta-feira, 6 de outubro, e ontem, dia 7. As provas foram realizadas dentro do Clube do Tiro, e no total, 78 pessoas se inscreveram e participaram – entre elas, duas mulheres. Os competidores, que foram divididos em três turnos de competições, precisavam acertar um alvo há 50 metros. 
    
Cada participante, ou atirador, tinha direito a seis tiros. Três de teste e três valendo a pontuação – quanto mais ao centro do alvo acertar, maior o valor. Essa pontuação foi somada e ao fim, os melhores pontuadores disputaram um desempate, que aconteceu na tarde de ontem. Ao fim desse desempate é que se tinha os vencedores.

Por questões legais, só puderam participar da competição pessoas que possuem a autorização do Exército Brasileiro para atirar. Ainda assim, o número de inscritos foi considerado muito bom. “Nós realizamos aqui dentro do clube no ano passado, mas queríamos ampliar isso, então entregamos o evento à organização da Oktoberfest, porque assim todos aqueles que tivessem a intenção de vir para a Oktoberfest e possuíssem a autorização, poderiam se inscrever”, conta Ivan. Dessa forma, além dos santa-cruzenses, participaram pessoas de Estrela, Venâncio Aires, Santa Maria, Cachoeira do Sul, Sinimbu, Rio Pardo, entre outros municípios da região. 
    
A intenção, de acordo com o presidente do clube é que numa próxima edição da Oktoberfest as provas sejam realizadas durante um dos fins de semana do evento. “Dessa forma, o pessoal da Oktoberfest de Santa Catarina já nos garantiu que vai vir para participar”, adianta. “Mais pessoas da região também poderão se inscrever”, complementa.

Toda a competição foi realizada seguindo as normas da Confederação Brasileira de Tiro Prático e os juízes da competição, inclusive, foram juízes da confederação.

Comemoração

Depois de dois dias de competição, a noite de ontem, sexta-feira, 7 de outubro, foi reservada para as premiações e comemorações, a chamada Coroação da Corte Rei do Tiro e o baile comemorativo, que é chamado de Baile do Rei do Tiro. Depois de encerradas as competições um churrasco foi realizado para todos os participantes da competição, seguido por uma carreata até o Parque da Oktoberfest, por volta das 20h30. Nessa edição foram coroados um rei e uma rainha, além de cavalheiros e uma princesa.

Esporte e tradição

Mais do que resgatar uma tradição da cultura germânica, o que o Clube de Tiro quis, trazendo de volta essa prática, foi divulgar o esporte como algo seguro e diminuir o preconceito que se formou ao longo dos anos. “Nós queremos que as pessoas vejam que ninguém se machuca treinando tiro como fazemos no clube, porque temos regras de segurança”, contou. “Além disso, se vemos que alguém não segue essas regras ela é imediatamente impedida de participar das atividades. Ela fica de fora. Por isso é muito seguro”, explica.