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Trabalho infantil é tema de treinamento

Profissionais das equipes de campo das regiões Centro e Serra do Rio Grande do Sul se reuniram em Santa Cruz do Sul, nos dias 23 e 24 de julho, para o Treinamento Crescer Legal – Desafios para uma Consciência Sustentável. Promovido pelo SindiTabaco (Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco), empresas associadas e a Escola de Negócios Positivo, de Curitiba, o encontro reuniu 110 profissionais das empresas associadas ao Sindicato e também da Afubra (Associação dos Fumicultores do Brasil), no Hotel Águas Claras. O treinamento foi o quarto de uma série de 12 eventos que até o final de outubro reunirá 1,2 mil orientadores agrícolas, supervisores e avaliadores das empresas associadas ao SindiTabaco e da Afubra em torno do tema trabalho infantil.
O presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, abriu o evento falando da importância dos orientadores para a conscientização dos produtores rurais sobre o tema. “Os orientadores são fundamentais no processo de conscientização dos produtores de tabaco sobre o trabalho infantil. Além de protegermos crianças e adolescentes, estamos protegendo o mercado brasileiro de tabaco, devido à exigência dos clientes internacionais por um produto sustentável”, frisou Schünke.
Os aspectos legais e sociais do trabalho infantil, bem como as implicações para a saúde das crianças e adolescentes, foram temas de palestras proferidas por Márcia Ustra Soares, da Organização Internacional do Trabalho, e Carmen Silvera, responsável pelas ações de erradicação do trabalho infantil e proteção do adolescente trabalhador do Ministério da Saúde. Um debate seguiu às palestras, com a participação de representantes do SindiTabaco.

Divulgação/RJ

Encontro reuniu 110 profissionais das empresas associadas ao SindiTabaco e da Afubra

COMO CONVENCER OS PAIS
A questão do trabalho infantil, principalmente de adolescentes, ainda é considerada um problema cultural. Para muitos produtores, os filhos aprendem o valor do trabalho trabalhando. Para Márcia Ustra Soares, da OIT, o trabalho infantil traz diversos prejuízos: prejudica a saúde das crianças e empobrece o meio rural. “Pesquisas apontam que quanto mais prematura a inserção no mercado de trabalho, menor a renda auferida para esta pessoa ao longo da vida”, afirma. “Quem começa a trabalhar antes dos 14 anos tem baixíssima probabilidade de obter renda mensal superior a mil reais ao longo da vida”, completa.
Para Carmen Silvera, a saúde dos filhos é um argumento que normalmente sensibiliza os pais. “Informar os aspectos que podem ser prejudiciais à saúde dos filhos é uma das formas de convencimento sobre a importância de não utilizar mão de obra infantil e de adolescentes. Crianças e adolescentes estão em desenvolvimento físico e psíquico e não estão aptos a iniciarem sua vida laboral. As implicações na saúde são muitas e foram cientificamente comprovadas”, argumentou.

PROGRAMAÇÃO
Na tarde do primeiro dia, o grupo participou de um momento de integração e um debate sobre o papel do orientador de campo no combate à mão de obra infantil na cultura do tabaco.  As atividades foram orientadas pelos professores da Escola de Negócios da Universidade Positivo, de Curitiba. O segundo dia foi voltado para práticas motivacionais e uma nova discussão sobre o papel das organizações, do produtor, do orientador e da sociedade no combate ao trabalho infantil na cultura do tabaco. O grupo estudou ainda os princípios da sustentabilidade, estudos de caso sobre o impacto da mão de obra infantil na cultura do tabaco. As atividades foram encerradas com a discussão do compromisso dos orientadores sobre o tema.

O que diz a lei
Seguindo recomendações da OIT, o Brasil regulamentou por meio do decreto 6481/2008 duas convenções internacionais, colocando o tabaco na lista de formas de trabalho proibidas para menores de 18 anos.

Crescer Legal
O Treinamento Crescer Legal – Desafios para uma Consciência Sustentável, faz parte do programa Crescer Legal, ação conjunta entre o SindiTabaco, empresas associadas e Afubra, que tem o objetivo de prevenir e combater o trabalho de crianças e adolescentes na cultura do tabaco, por meio da qualificação de orientadores. Os treinamentos continuam em agosto e vão até outubro, contemplando todas as áreas de atuação dos orientadores das empresas associadas.