Everson Boeck
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Assim como o transporte coletivo, a Rodoviária de Santa Cruz do Sul também deverá ser submetida a um processo licitatório este ano. Segundo a Procuradoria da Prefeitura Municipal, já estão sendo tratados sobre detalhes para a publicação do edital, ainda sem data para prevista. Atualmente, o local é gerenciado pela Estação Rodoviária Santa Cruz Ltda., empresa que obtém a concessão do serviço junto ao o Departamento Autônomo de Estadas de Rodagem (Daer).
Conforme o procurador da Prefeitura, Rogério Pinheiro Machado, a Rodoviária é outro serviço público que o município deve fazer licitação. “O serviço de transporte público prestado na Rodoviária é estadual, e a atual concessionária venceu uma licitação com Daer, mas a área, isto é, o prédio é do município e precisa ser licitado”, esclarece. Poderá concorrer na disputa a empresa que hoje atua, no caso a Estação Rodoviária Santa Cruz Ltda., ou mais empresas. “Nós não interferimos na exploração do serviço, ou seja, as linhas interestaduais e intermunicipais. O que é licitado é a utilização da infraestrutura”, reforça.
Machado ressalta que a Prefeitura ainda não pode antecipar detalhes sobre a licitação porque o processo de elaboração do edital está em fase inicial. “Os setores responsáveis já estão se reunindo para realizar o projeto básico que vai nortear a confecção do edital licitatório, no qual em tese estarão previstas as melhorias e investimentos necessários. Inclusive, como neste caso haverá uma relação de direito público, a empresa ou concessionária que ganhar a disputa poderá pagar um valor mensal ou anual ao Município”, informa.
Fotos Everson Boeck
Um dos projetos da Estação Rodoviária é criar uma sala fechada para
a venda de passagens evitando que as pessoas fiquem expostas às
intempéries do tempo
EMPRESA QUER PERMANCECER NO LOCAL
A Estação Rodoviária Santa Cruz Ltda recentemente renovou junto ao Daer a concessão do serviço por mais 20 anos. O proprietário da empresa, Reinaldo Carlos Matte, frisa que há total interesse em permanecer no local, mas ressalta que é preciso haver um consenso na questão da circulação de ônibus intermunicipais no interior da cidade e que, segundo ele, causa um prejuízo enorme para a Rodoviária.
Para Matte, este é o principal motivo da redução de movimento na Estação. “Existem outros pontos negativos como o aumento da frota de veículos, por exemplo, mas o principal são as paradas no interior da cidade para ônibus intermunicipais. As pessoas não vão até a Rodoviária para pegar seu ônibus. É um dinheiro que deixa de girar e nos impede de realizar investimentos para revitalizações e melhorias”, pontua.
Conforme o proprietário da Estação Rodoviária, atualmente existem 125 horários que são feitos dentro da cidade de linhas intermunicipais. “O estudo que está sendo realizado no Plano Diretor confirma isso. Além dos prejuízos à Rodoviária, os ônibus, veículos grandes e pesados, dificultam o trânsito, causam danos aos pavimentos e as pessoas ficam mais expostas à insegurança dessas paradas”, argumenta.
A parada em frente ao monumento do Homem de Ferro, na Rua Ernesto Alves, é uma das mais movimentadas dentro da cidade e, de acordo com Matte, é um dos pontos mais cruciais. “O movimento de pessoas que embarcam e desembarcam ali é de 400 a 500 pessoas por dia. Imagine esse contingente na Rodoviária”, comenta.
Reinaldo relembra que até 1982 a Rodoviária funcionava no Centro da cidade, na Rua Tenente Coronel Brito, no prédio onde hoje está instalada a loja CR DieMentz. “Naquela época a Prefeitura exigiu que nos mudássemos devido ao movimento que estava ficando muito intenso para o interior da cidade. Saímos do nosso prédio (que é próprio) e nos instalamos na estrutura onde hoje é a Rodoviária devido ao seu fácil escoamento. Quando nos mudamos, foram criadas algumas paradas que são regulamentadas (legais), mas com o passar dos anos se criaram outras. Diante disso, seria um contrassenso permanecer com o fluxo dos ônibus que fazem linhas para outros municípios no centro da cidade”, justifica.
Prefeitura é responsável por elaborar a licitação da área onde o serviço é prestado
MELHORIAS NA RODOVIÁRIA
Em relação às obras de revitalização e melhorias na estrutura da Rodoviária, Matte assegura que a empresa possui projetos prevendo uma série de investimentos, mas que, para isso, é preciso que o fluxo de passageiros aumente. Ele explica que uma das saídas para isso seria a tarifa integrada. “Como toda a empresa, é preciso ter fluxo para ela se manter e realizar investimentos, o que hoje está limitado. Isto é, para investir é preciso ter segurança de retorno de capital”, observa.
Matte informa que no período de um ano, de 2013 para 2014, a Rodoviária deixou de vender 35 mil passagens em função das paradas fora do terminal. “A maioria dessas paradas são irregulares e estão fora da lei. Pela legislação, para haver pontos fora da Rodoviária, é preciso uma distância de 1.500 metros de distância, no diâmetro. Tentaremos criar, no Plano Diretor, a tarifa integrada. O passageiro que vier de outro município terá um subsídio para pegar outro ônibus (urbano) para se deslocar até o Centro, ou do Centro até a Rodoviária. O problema não é nossa empresa, qualquer outra que assumir o serviço vai passar pela mesma dificuldade enquanto o problema não for solucionado”, aponta.
Em relação a melhorias, Reinaldo adianta que a empresa pretende revitalizar toda a Rodoviária. Dentre as inovações, a ideia é criar uma nova sala de compra de passagens. “Hoje as pessoas ficam no frio, expostas, mas queremos modificar isso para dar mais comodidade aos passageiros. A sala de espera também deverá ser ampliada e melhorada, se tornando mais confortável. Também queremos criar uma sala mais funcional e mais ampla para o setor de encomendas”, antecipa.
Reinaldo salienta que a empresa está à disposição da Prefeitura para qualquer esclarecimento e auxílio no que for possível visando a solução destas questões e a melhoria na prestação do serviço. “Esperamos um bom desfecho junto à Administração Municipal sobre este processo licitatório, principalmente para equacionarmos esta questão das paradas irregulares e criarmos a tarifa integrada”, acrescenta.
Carlos: “Precisamos de mais fluxo de pessoas para realizar investimentos”