A primeira pesquisa a estimar o número de pessoas que já contraíram o coronavírus na população inicia a 3ª fase de testes rápidos neste fim de semana no Rio Grande do Sul. A meta é testar e entrevistar 4,5 mil pessoas, nos dias 9, 10 e 11 de maio, em nove cidades das regiões demográficas do Estado, segundo classificação do IBGE: Pelotas, Porto Alegre, Canoas, Caxias do Sul, Passo Fundo, Santa Maria, Ijuí e Santa Cruz do Sul e Uruguaiana.
“Esperamos obter o êxito da etapa anterior, quando alcançamos o máximo de participação dos moradores em todas as cidades do estudo”, diz a epidemiologista Mariângela Freitas, que integra a coordenação do estudo na Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
A pesquisa inédita, coordenada pela UFPel a partir de parceria com o Governo do RS, está mapeando os casos de coronavírus e acompanhando, quinzenalmente, a velocidade de disseminação do contágio no Estado. “É o primeiro estudo a fazer esse levantamento global, incluindo pessoas sem sintomas, e observar a população das mesmas cidades ao longo do tempo”, comenta o coordenador geral do estudo, Pedro Hallal.
O secretário municipal de Saúde, Régis de Oliveira Júnior, lembra que a pesquisa tem apresentado dados importantes para as decisões do Gabinete de Emergências e do prefeito. “Por ela, conseguimos saber que Santa Cruz é uma das cidades em que as pessoas mais saem de casa sem necessidade e que temos a menor incidência de casos do Estado, por exemplo.
Reitora da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Carmen Lúcia de Lima Helfer destaca que, além da colaboração dos profissionais que estão atuando, também é necessário que a comunidade se conscientize sobre a relevância do estudo. “É um levantamento que nos mostra o caminho que precisamos seguir. Não podemos fazer recomendações e tomar decisões sem conhecer a realidade. E, mais uma vez, a Unisc vai apoiar a iniciativa, pois entendemos a relevância da pesquisa no combate ao coronavírus.”
Testes rápidos em crianças
Uma das dificuldades apresentadas nas outras duas etapas da pesquisa com testes rápidos em Santa Cruz, foi a aplicação em crianças. Entretanto, a diretora de Inovação e Empreendedorismo da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Andreia Valim, explica que é necessário que os pais apoiem a testagem. “O teste não é invasivo, é apenas uma picada no dedo. Ele pode nos dar muitas informações, como a manifestação do vírus em crianças, a forma que ele se desenvolve e até mesmo mostrar um número mais real de menores infectados pela doença. É pela segurança e saúde das crianças”, reforça.
Saiba mais:
Nos próximos dias 9, 10 e 11, entrevistadores da pesquisa irão visitar 500 domicílios selecionados por sorteio em cada cidade, e aplicar o teste rápido para anticorpos do coronavírus. No domicílio, novo sorteio determina o morador que irá realizar o teste.
Durante a visita, os entrevistadores – profissionais voluntários da área da saúde – coletam uma amostra de sangue (uma gota) da ponta do dedo do participante, que será analisada pelo aparelho de teste em aproximadamente 15 minutos. Enquanto o resultado é processado, os participantes respondem a um breve questionário de informações sociodemográficas básicas, sintomas da Covid-19 nas últimas semanas, busca por assistência médica e rotina da família em relação às medidas de prevenção e isolamento social. Se o resultado for positivo, os profissionais entregam um informativo com orientações e repassam o contato do participante para acompanhamento e suporte da secretaria de saúde do município.
Em caso de dúvida, os participantes poderão entrar em contato com os órgãos de segurança do município para checar a abordagem à casa. A Brigada Militar e a Guarda Municipal das localidades estão apoiando o estudo e têm informações sobre os locais de visitação previstos na pesquisa.
O cronograma inicial prevê quatro rodadas de exames e entrevistas. As duas primeiras foram realizadas nos fins de semana de 11-13 de abril e 25-27 de abril, e a quarta fase está programada para 23-25 de maio. Ao todo, serão testadas 18 mil pessoas. No entanto, a coordenação da pesquisa e o Governo do RS estudam dar sequência aos acompanhamentos em junho.
A pesquisa tem apoio de uma rede de doze instituições de ensino superior pública e privadas: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA); Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos); Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc); Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ); Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); Universidade Federal do Pampa (Unipampa/Uruguaiana); Universidade de Caxias do Sul (UCS); IMED e Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS/Passo Fundo), Universidade de Passo Fundo (UPF) e Universidade La Salle (Unilasalle).
Os custos do estudo, de R$ 1,5 milhão, têm financiamento da Unimed Porto Alegre, do Instituto Cultural Floresta, também da capital, e do Instituto Serrapilheira, do Rio de Janeiro.
Os resultados são divulgados por integrantes da coordenação do estudo e do Governo do RS em aproximadamente 48 horas após a finalização de cada rodada do inquérito populacional.
Para conhecer em detalhes os resultados da última etapa da pesquisa, acesse a apresentação dos dados em https://bit.ly/EPICOVID19-2ªetap.