Alyne Motta
Na manhã de terça-feira, 29 de novembro, foi apresentado os dados referente ao Perfil Socioeconômico do produtor de tabaco da Região Sul. A pesquisa – encomendada pelo Sindicato Interestadual da Indústria de Tabaco (SindiTabaco) – foi executada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por meio do Centro de Estudos e Pesquisas em Administração.
Conforme os dados apresentados, o produtor de tabaco possui um nível socioeconômico muito bom. Enquanto a maior classe social do Brasil está localizada na C para baixo, 80,4% dos produtores pesquisados ficam entre as classes A e B. Para o professor Luiz Slongo, coordenador da pesquisa, esse dado é o inverso do país.
“Pudemos verificar, e os números nos relatam isso, que o produtor de tabaco não é um sujeito miserável. Ele tem boas condições de moradia, conforto, higiene e saúde”, revela o professor. Ele ainda afirma que as casas são de alvenaria, com 3 ou mais dormitórios e com um banheiro ou mais. “Hoje, verificamos muitas casas que não atingem esse padrão”.
Mesmo situando-se em zona rural, a energia elétrica está presente em quase todas residências. “Isso foi um fator que me chamou muito a atenção. Se há luz, é possível ter água aquecida, e outros itens de conforto”, comenta o professor durante a apresentação dos dados. Em 96% dos casos há água encanada.
Segundo o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, os resultados comprovam a importância econômica e social do tabaco no meio rural. “A cadeia produtiva do tabaco tem sido alvo de inverdades nos mais diversos fóruns. Os resultados não surpreenderão quem conhece o setor, mas impressiona quem recebe informações de fontes antitabagistas”, afirma Schünke.
Conforme Iro, mitos são atribuídos aos produtores de tabaco: o produtor ganha pouco; não tem qualidade de vida; não tem acesso à tecnologia; só tem renda com tabaco; não recebe orientação, etc. “Encomendamos a pesquisa com uma instituição idônea e reconhecida para que pudéssemos combater tais mitos com fatos”, acrescenta.
Renda elevada
Conforme o professor Slongo, a média de moradores no domicílio é de 3,43, sendo a maior parte de adultos, chegando a 2,57. A renda familiar per capita dos produtores de tabaco são superiores às medias nacionais. Enquanto no Brasil o valor é R$ 1.113,00, na Região Sul o valor chega a R$ 1.926,73.
Quem atua somente com o tabaco, cerca de 148 pesquisados, tem uma renda média de R$ 4.601,65. Se levar em consideração todas as fontes de renda, os produtores de tabaco da Região Sul do Brasil atingem uma renda mensal total média de R$ 6.608,70. Além disso, a diversificação garante uma renda mais elevada.
Ao todo, mais da metade dos produtores dispõem de outras rendas, além do cultivo do tabaco. Nessas rendas adicionais, 50% dos produtores cultivam outros produtos agrícolas, mostrando quão forte é o trabalho desenvolvido pela diversificação. “Aqui podemos ver que o nosso trabalho não é em vão”, afirma o presidente do SindiTabco, Iro Schüneke.
Conforme o professor Slongo, foi computado que a diversificação é para venda, não para consumo. “Os resultados estão surtindo. Hoje o produtor sabe que a renda do tabaco é garantida, mas a diversificação contribui consideravelmente”. Slongo também considera difícil a redução da plantação do tabaco.
Cerca de 39% dos produtores utilizam outras fontes de renda, não relacionadas à atividade agrícola. Como a maior parte é proveniente de adultos, a renda é oriunda principalmente de aposentadorias, empregos fixos ou temporários, atividades autônomas, aluguéis, arrendamentos, ou rendimentos de aplicações financeiras.
Entenda um pouco mais a pesquisa
A pesquisa foi realizada entre 29 de agosto e 16 de setembro de 2016, em 15 das 21 microregiões produtoras de tabaco que compõem a Região Sul do Brasil – o que corresponde a 94,3% do total produzido na região. Coordenada pelo prof. Slongo, a pesquisa contou com o apoio da pesquisadora Lourdes Odete dos Santos e do doutorando Rafael Laitano Lionello.
A coleta de dados foi feita com base em entrevistas pessoais, realizadas na residência dos produtores que constituíram a amostra. A população considerada para esse estudo foi composta por 91.330 produtores de tabaco da Região Sul e, para efeitos de amostra, considerou-se um total de 1.145 casos, com erro amostral máximo de 2,9%.
O critério utilizado para estratificar a população seguiu o que recomendam Kamakura & Mazzon (2013). “Este critério é o mais completo, atualizado e fidedigno atualmente disponível no País”, ressalta Slongo. Segundo ele, os resultados da pesquisa apontam para uma boa condição socioeconômica dos produtores de tabaco da região sul do Brasil.
A pesquisa também considerou a autoavaliação feita pelos produtores. “O que vimos é que os produtores de tabaco da região expressam, de maneira geral, sentimentos de realização e de satisfação, que nada tem a ver com a falsa imagem de sofrimento, ou de abandono, que muitas vezes se quer a eles incutir”, conclui Slongo.
MUNICÍPIOS ABRANGIDOS NAS ENTREVISTAS
Rio Grande do Sul: Arroio do Tigre, Boqueirão do Leão, Camaquã, Canguçu, Chuvisca, Crissiumal, Ibarama, Nova Palma, Pinhal Grande, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, São Lourenço do Sul, Três Passos e Venâncio Aires.
Santa Catarina: Caibi, Grão Pará, Içara, Monte Castelo, Orleans, Palmitos, Rio do Campo, Riqueza, Santa Terezinha, Sombrio, Urussanga e Vitor Meireles.
Paraná: Agudos do Sul, Capanema, Irati, Mallet, Piên, Quitandinha, Rebouças, Rio Azul, Rio Negro, São Mateus do Sul, São Miguel do Iguaçu e Serranópolis do Iguaçu.