LUÍSA ZIEMANN – [email protected]
Que a produção brasileira de tabaco vem chamando a atenção do mundo inteiro não é nenhuma novidade. Na última semana, a ideia foi reafirmada através da fala da diretora-executiva da Associação Internacional dos Países Produtores de Tabaco (ITGA, sigla em inglês), Mercedes Vázquez, que esteve em Santa Cruz do Sul e região visando conhecer mais sobre o sistema produtivo e a organização do setor no Brasil. Para este ano, a previsão é de aumento na produção mundial, já que países como Malawi e Zimbabwe apontam para um crescimento depois dos últimos anos em queda.
Acompanhada pelo analista de mercado, Ivan Genov, Mercedes esteve durante quatro dias no Brasil e visitou propriedades de produtores de tabaco, o parque da Expoagro Afubra, indústrias do setor, o Fentifumo e Stifa. Além de conversar com produtores e representantes de empresas e de entidades ligadas ao setor, na tarde da última sexta-feira, a diretora-executiva da ITGA, atendeu à imprensa regional em uma entrevista coletiva na sede da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra).
Entre os assuntos abordados estiveram os principais desafios dos produtores de tabaco no mundo e as expectativas para a COP 10 (Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco), que será em novembro de 2023, no Panamá. Na visita à região, Mercedes pode conhecer mais detalhes do setor no Brasil, inclusive programas como o Verde é Vida, o Viveiro Agroflorestal e a Expoagro Afubra. “São trabalhos de excelência, não conheço no mundo programas como esses, tanto no campo ambiental como no social”, declarou. “E todos os projetos que conheci são de longa data, o que já mostra a consistência”, ressaltou.
Em relação à COP 10 deste ano, conforme a diretora da ITGA, possivelmente serão tratadas questões já inseridas em eventos anteriores, como a diversificação. Também devem entrar em debate temas ligados às questões ambientais, impactos climáticos, de direitos humanos, novos produtos de tabaco e de rastreamento da produção. Além disso, segundo Mercedes, discussões de conferências anteriores podem voltar a ganhar destaque. “No Brasil, são muitas pessoas envolvidas. O tabaco é bastante representativo em três estados e quais alternativas dão para quem vive da produção?”, questionou. “Os produtores no Brasil não têm que ter medo de defender o setor, pois são exemplo, líderes de práticas sociais e ambientais”, salientou.
A diretora-executiva do ITGA também aproveitou o encontro com a imprensa para apontar as previsões para a próxima safra. A expectativa é de aumento na produção mundial, já que, conforme Mercedes, o Malawi tem previsão de melhoria depois de uma queda no ano passado e o Zimbabwe está anunciando uma superprodução de mais de 300 mil quilos. “Os principais países produtores dão indicações que vão aumentar a produção, então a safra deverá ser maior”, projetou. “Produzir mais nem sempre são boas notícias para o setor. O equilíbrio é que é bom, pois desequilíbrio gera incertezas”, alertou. Após sua estadia no Brasil, Mercedes seguiu para Salta, na Argentina, onde será realizado o ITGA Americas Regional Meeting, de 26 de fevereiro a 1º de março.