O alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche, que viveu no século 19, marcou época por suas reflexões filosóficas. Seus trabalhos entraram para a história da humanidade. Nietzsche estabeleceu a figura do “Super-Homem”, que representaria uma evolução do ser humano para um novo estágio, sem nenhum tipo de moral, sem compaixão, sem limites para qualquer realização. Nietzsche era crítico da compaixão e do socialismo, tidos por ele como fraquezas diante da potência que o ser humano poderia exercer.
Com a crise do coronavírus, precisamos lidar com nossas fraquezas, vivemos uma intempérie econômica e social. A compaixão é necessária nesta fase complicada. No século 20, os norte-americanos Jerry Siegel e Joe Shuster criaram uma variação do Super-Homem: com envergadura moral e compassivo. Com compromisso social. Este personagem passou por vários autores ao longo de décadas. Em um de seus fascículos, o Super-Homem norte-americano lida com questões relevantes para a sociedade: preocupa-se com os sem-teto, por exemplo. É crítico em relação à exploração da morte em manchetes jornalísticas (embora o Super-Homem seja jornalista). Nesse mesmo fascículo, o Super-Homem investiga criminosos que tentaram prejudicar uma greve de trabalhadores.
O Super-Homem de Siegel/Shuster é o “Almighty”, o “Grande Pai Todo-Poderoso”, em uma perspectiva judaico-cristã. Ele ajuda a população. É compreensível seu amor pela também jornalista Lois Lane, pois ambos dividem os mesmos anseios sociais, a mesma compaixão. Ironicamente, o “Almighty” pode ser resumido em uma citação de Nietzsche: “Vede; eu anuncio-vos o Super-homem: É ele esse raio! É ele esse delírio!”