Marli Silveira e Lilian Cordeiro assinam o livro que estará disponível a partir da segunda-feira, 14.
A escritora santa-cruzense Marli Silveira lançará no sábado, 12, em parceria com Lilian Cordeiro, mais um livro para sua coleção: Singularidade arredia – ensaio sobre identidade e corpo feminino. A obra literária estará à venda a partir de segunda-feira, 14.
O ensaio surgiu de um esforço parceiro para aproximar filosofia, literatura e antropologia, conduzido por evidências da experiência existencial de uma mulher de mais de 50 anos. São histórias que não poucas vezes encontramos no nosso cotidiano e expõe as cruezas de trajetórias existenciais marcadas pela violência e abandono que muitas pessoas e grupos estão sujeitos, como é o caso das mulheres, especialmente, mulheres pobres e negras. O ensaio procura apresentar o conceito de singularidade arredia, desdobrado a partir da inquietação de um caso muito particular: Aletheia. Temas como adoção, violência contra a mulher e trabalho infantil são assuntos que também são abordados pela narrativa.
Sem desconsiderar a vida de Aletheia (nome da personagem), “desdobramos o conceito de singularidade arredia, ou seja, modos de ‘apresentação de si’, de pessoas que não se deixam tutelar por rótulos que as diferenciam e nem por generalizações padronizadas, que são tornadas normais. Aletheia não se reconhecia no nome de batismo que recebeu, pois o mesmo estava carregado das marcas de dor e violência a que foi submetida desde quando foi entregue à adoção após a morte de sua mãe. Busca um nome para dizer-se, posicionar-se na sociedade”, conta Marli. “Aletheia nos ensina que precisamos construir caminhos e repertórios capazes de garantir aos tantos outros suas vozes e modos, acontecendo no mundo”, revela.
A obra, que se inscreve na tensão entre filosofia, literatura e condição humana, lança mão de um novo conceito de singularidade, reconhecendo que não pode assumir a mesma perspectiva contra a qual se coloca, ou seja, nomear para emudecer. Por isso, não apresenta uma resposta fechada, mas aberta, que vai sendo alinhavada pelo percurso apresentado por Aletheia.
As escritoras ressaltam que o ensaio apresenta ainda dados sobre a violência contra a mulher e as diferentes maneiras em que o patriarcalismo se insinua no cotidiano das mulheres, marcando, inclusive, as formas de nomeação e apresentação das mulheres na nossa sociedade. “Quando nós dizemos um País pacífico, colorido e multicultural, emudecemos a vida de muitas pessoas, grupos, regiões, o que não significa prescindir do que poderia ser nossa maior beleza. A questão, para ficarmos apenas no caso das mulheres, é que pelo menos quatro são vítimas de feminicídio a cada 24 horas no Brasil e 100 crianças e adolescentes, maioria meninas, são estupradas por dia no País. E, nem estamos falando da violência velada, calada, matada sem rosto e biografia”, diz Marli.
A obra literária conta com prefácio da presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (Anpof), professora Susana de Castro. Também a escritora Jane Tutikian diz em sua crítica que Marli e Lilian “cumprem sua proposta de trazer um outro conceito de singularidade, mas vão além – e são assim os grandes livros – ao revelarem que viver é devolver ao tempo aquilo que ao tempo mesmo não falta”.
O lançamento de Singularidade arredia – ensaio sobre identidade e corpo feminino (Bestiário, 2022) acontecerá no próximo sábado, 12, a partir das 17 horas, no Pranna Bistrô, quando o Grupo Leia Mulheres Santa Cruz estará realizando o Sarau Poético Especial Dia da Mulher. O livro será comercializado a parir da segunda-feira, 14 de março, na Livraria Iluminura, com as autoras e no site da Editora Bestiário.