Sindicatos são entidades políticas por excelência. É onde se exerce, ou deveria ser, onde se faz política de forma construtiva visando defender uma categoria. Essa é a força motriz de todo sindicato. É o que une seus associados. Vivenciamos, dentro de nosso sindicato, que nasceu na ditadura militar, uma fase de despartidarização, se é que a palavra existe, ou seja, separação da política sindical da política partidária. Quando elegemos nossa presidente, elegemos a professora, a sindicalista, independente de sua escolha partidária. Isso é pessoal e, portanto, não pode, nem deve interferir nas decisões sindicais. Essas, as decisões sindicais devem sempre defender os interesses da categoria à qual representam. Independente de qual o partido que está no governo. É preciso muita clareza e maturidade para isso, pois não é tarefa fácil. Mas é possível, basta não misturar os interesses.
O Piso Nacional para Profissionais de Educação é lei. É lei federal, assinada pelo então ministro Tarso Genro, hoje governador do estado do Rio Grande do Sul. Quando ministro exigia que todos os entes federativos, estados e municípios, cumprissem a lei. Quando candidato, afirmava que pagaria o Piso, independente da decisão do Supremo Tribunal, uma vez que sua antecessora colocou o Piso sob julgamento do mesmo. Acreditamos. Nós professores acreditamos. Mais do que isso, votamos nele. Não, não, ainda mais do que isso, pedimos o voto de cada um de nossos familiares, amigos, vizinhos e todos eleitores que avistávamos. Uma vez eleito, nada de pagar o Piso.
É mais do que um direito de cidadão, é um dever. Tenho dito nas salas de aula, aos meus alunos que prestem muita atenção nas falas dos candidatos no próximo ano. Tanto dos candidatos a prefeito quanto a vereador. Anotem as falas, para não esquecer suas promessas. E, no decorrer do mandato, cobrem. Cobrem com toda ênfase possível. Que essa última eleição ao governo do Estado nos deixe uma grande lição: é cidadania cobrar promessas que elegeram um político. É totalmente inaceitável prometer em campanha e depois não cumprir. Além do mais, é muito feio, para dizer o mínimo, desrespeitar a lei. Tenho dito também a todos meus alunos, não se espelhem no exemplo do governador, cumpram todas as leis, pois só quem cumpre as leis tem direito de cobrar que os outros também assim o façam. As leis existem, são feitas pelos cidadãos, para regrar a boa convivência em sociedade.
Pois bem, se o Piso Nacional é lei, é para professores, se o CPERS é o sindicato dos professores e funcionários de escolas, se defender o cumprimento da lei e consequentemente o pagamento do Piso é defender o direito de todos associados desta entidade sindical, então nossa presidente está fazendo, acertadamente seu papel. Papel para o qual a elegemos. Quando candidata ela afirmava categoricamente que o sindicato deveria ter autonomia de partidos e governos, então está sendo coerente e cumprindo sua promessa de campanha, diferentemente de outros…
Despartirizar o sindicato. Que bom que o CPERS está maduro o suficiente para isso. Que pena que o partido de sua principal dirigente não.
*Diretora do 18º Núcleo Cpers/Sindicato