Dom Canísio Klaus*
O mês de junho, conhecido pelo folclore em torno das festas de Santo Antonio, São João Batista e São Pedro e pela comemoração do Sagrado Coração de Jesus, começou, neste ano, com uma série de programações alusivas à Semana do Meio Ambiente.
Me alegro profundamente em ver a crescente consciência das pessoas em relação ao cuidado com a natureza, “nossa irmã e mãe terra”, que “é nossa casa comum e o lugar da aliança de Deus com os seres humanos e com toda a criação”.
Dentro deste tema, trago para reflexão o n° 125 do Documento de Aparecida, onde os bispos da América Latina dizem: “Junto com os povos originários da América, louvamos ao Senhor que criou o universo como espaço para a vida e a convivência de todos os seus filhos e filhas e no-los deixou como sinal de sua bondade e de sua beleza. A criação também é manifestação do amor providente de Deus; foi-nos entregue para que cuidemos dela e a transformemos em fonte de vida digna para todos (…). Desatender as mútuas relações e o equilíbrio que o próprio Deus estabeleceu entre as realidades criadas, é uma ofensa ao Criador, um atentado contra a biodiversidade e, definitivamente, contra a vida. O discípulo missionário, a quem Deus confiou a criação, deve contemplá-la, cuidar dela e utilizá-la, respeitando sempre a ordem dada pelo Criador”. No nº 126 do mesmo documento, os bispos afirmam que “o Senhor entregou o mundo para todos, para as gerações presentes e futuras. O destino universal dos bens exige a solidariedade com as gerações presentes e as futuras”.
No Plano de Pastoral da Diocese de Santa Cruz do Sul temos um programa que trata do “cuidado com a vida”. Em conformidade com os recentes documentos da Igreja, entendemos que a base de todo o trabalho evangelizador está na afirmação de Jesus Cristo, sintetizada pelo evangelista João (10,10): “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”. As comunidades cristãs não podem deixar de “defender, cuidar e promover a vida em todas as suas manifestações” (DGAE, n° 65).
Uma das formas de viver, na atualidade, o 5° mandamento da Lei de Deus – Não matar – é evitar tudo aquilo que atenta contra o meio ambiente. Em termos positivos, viver o 5° mandamento é zelar pelas águas, preservar o solo, cuidar das plantas, proteger os animais, defender a vida dos seres humanos desde a concepção até a morte natural, respeitar a diversidade das culturas e “promover a vida em todas as suas manifestações”.
Em sintonia com a Conferência de Aparecida (n° 472), agradeço “a todos os que se ocupam com a defesa da vida e do ambiente”, e faço votos que as programações da Semana do Meio Ambiente ajudem a desenvolver um maior compromisso na preservação da obra da criação, quando “Deus viu tudo quanto havia feito e achou que era muito bom” (Gn 1,31) .
*Bispo Diocesano