Ricardo Gais
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A tão esperada chuva por agricultores, rios e Lago Dourado chegou nesta semana na região de Santa Cruz do Sul. No entanto, as perdas nas lavouras já aconteceram, mas o nível do Lago teve uma leve melhora. Conforme a Defesa Civil, o último mês com maior índice de chuva registrado foi janeiro deste ano com 174 milímetros, mas não ajudou na estiagem que a região do Vale do Rio Pardo vem sofrendo desde novembro de 2019.
Segundo o coordenador da Defesa Civil de Santa Cruz, tenente José Joaquim Barbosa, desde o início do mês de maio até essa quarta-feira, 13, já havia chovido 100 milímetros em Santa Cruz, já em abril, choveu no mês todo 46,2 milímetros. “Para a semana que vem temos previsão de mais chuva e essa última chuva nos surpreendeu positivamente”, comenta o tenente. Ele lembra que mesmo com essa chuva, não vai resolver todos os problemas da estiagem, mas vai amenizar.
A chuva também deu fôlego para o Lago Dourado e Rio Pardinho, que desde a escassez, vem passado por dificuldades em seus níveis de água. Conforme o superintendente regional da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), José Roberto Epstein, o nível do Lago Dourado subiu em torno de 11 centímetros, o que aumentou o nível de água no lago para 2,41 metros. “O nível do lago subiu, mas terá uma recuperação lenta”.
No local em que é realizado a captação de água, o Rio Pardinho subiu para 1,55 metros, e com isso, segundo o superintendente da Corsan, já permite que sejam ligadas as bombas para captação de água para auxiliar na recarga do lago. “Agora o cenário é diferente: o nível do lago vinha descendo, agora, ele está subindo e a tendência é que suba mais”. Jose disse que o trabalho continua para recuperar o mais rápido possível o volume de água do lago, já que o Rio Pardinho volta a contribuir um pouco com o abastecimento da cidade. A capacidade de água no Lago Dourado até essa quarta-feira é de 30% e aumenta conforme recebe água.
Chuva que ameniza perdas na plantação de verduras
A produtora orgânica, Ane Lore Schweickardt, de Linha João Alves, interior de Santa Cruz, comenta que a chuva veio de forma abençoada amenizando o impacto em sua plantação de verduras orgânicas. “A gente tinha que plantar, mesmo se não estivesse chovendo, para ter o produto para vender na feira”. Ane conta que para que a plantação não morresse, foi implantado um sistema de irrigação artificial, para amenizar um pouco as perdas. “O custo da irrigação é alto, e nem sempre é possível, além de dar muito trabalho e o tempo que se gasta realizando a irrigação manual. Nenhuma irrigação substitui a chuva”, salienta Ane. A água usada na irrigação é de duas fontes do terreno.
Com a volta da chuva, a produtora diz estar mais confiante para realizar novas plantações de verduras, “A gente volta a ter alegria para plantar, pois logo teremos bons produtos para oferecer”. Ela ressalta que o tempo perdido tentando salvar a plantação era grande e que muitas vezes deixava de plantar novas remessas de verduras, pois não valeria a pena. “Agora, com essa chuva, renova o ânimo para começar uma nova plantação”, comenta.
Na feira do bairro Santo Inácio, na Praça Hainsi Gralow, onde Ane comercializa seus produtos, verduras já estavam em falta. “Tudo já estava em pouca quantidade, alguns produtos como milho verde e feijão já não tinham mais”, disse. Ela comenta que seus colegas da feira não tinham mais repolho, couve-flor, beterraba, cenoura, entre outros.
Com a previsão de mais chuvas ao longo das próximas semanas, Ane diz que os produtos voltarão a crescer com uma qualidade melhor e vai deixar o solo mais úmido para plantar. “Essa volta da chuva significa para mim a renovação do viver”, finaliza.