Dom Canísio Klaus*
A Assemblaia dos bispos que está se encerrando nesta sexta-feira produziu uma série de notas em torno de assuntos que afligem o povo das comunidades do Brasil. Uma delas se refere à questão da seca no Nordeste, e nos faz pensar na problemática da água para a atual e as futuras gerações. Tomo a liberdade de publicar parte desta nota, cujo título é “Sede de água e de justiça”, e que vem assinada pela presidência da CNBB.
Nós, bispos do Brasil, reunidos em Aparecida–SP, na 51ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, de 10 a 19 de abril de 2013, expressamos nossa solidariedade aos irmãos e irmãs castigados pela maior seca que atinge a região do semiárido nos últimos 40 anos. Fazemos nossos seus sofrimentos e suas dores e nos unimos à sua luta pela superação deste fenômeno, secular e cíclico, que ameaça a vida e o desenvolvimento integral da população. Trata-se de mais de 10 milhões de pessoas diretamente atingidas, em 1.326 municípios, segundo dados da Secretaria da Defesa Civil, do Ministério da Integração Nacional (SEDEC/MI). (…)
Entendemos que, somente com decidida vontade política e efetiva solidariedade, será possível estabelecer ações que tornem viável a convivência com o semiárido, mesmo no período da seca. Como pastores solidários aos nossos irmãos nordestinos, reivindicamos:
a) A definição e a aceleração de políticas públicas e institucionais permanentes que garantam segurança hídrica e alimentar, incentivando o uso de tecnologias adaptadas à realidade climática da região para captação, armazenamento e distribuição das águas das chuvas;
b) Democratização do acesso à água com a construção de sistemas simplificados de abastecimento de água;
c) Ações estruturantes como a revitalização e preservação dos rios, lagoas, ribeiras, riachos e da floresta nativa; construção de cisternas de placas e de cisternas “calçadão”; perfuração e equipamentos de novos poços tubulares;
d) Interligação de bacias hidrográficas e de recursos hídricos; construções de diversos tipos de armazenamento de água, bem como de adutoras e canais, para o consumo humano, animal e a produção de alimentos;
e) Ampliação e universalização da aplicação dos recursos financeiros e técnicos a partir do protagonismo das populações locais e de suas organizações, no campo e na cidade;
f) Conclusão urgente das numerosas obras cuja paralisação tem causado graves prejuízos econômicos e sociais. (…)
Como bispo da Diocese de Santa Cruz do Sul, convido a sermos solidários com os nossos irmãos do semiárido nordestino. E, para nos precavermos da falta de água quando as chuvas vierem a faltar na nossa região, preservemos as nossas nascentes, e apressemos a implantação de obras que garantam o fluxo dos rios e o armazenamento de água.
“Eu estava com fome, e me destes de comer; estava com sede e me destes de beber” (Mt 25,31).
*Bispo Diocesano