Luciana Mandler
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Com o objetivo de chamar a atenção da população para os problemas ambientais, assim como para reforçar a importância da preservação dos recursos naturais é que a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 5 de junho como o Dia Mundial do Meio Ambiente. Além das ações de conscientização realizadas, nesta data o Riovale Jornal entrevistou o secretário Municipal de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, Jaques Eisenberger.
Natural de Santa Cruz do Sul, Eisenberger é biólogo, especialista em Licenciamento Ambiental. Também é acadêmico do curso de Direito na Unisc. Atua na área ambiental em empresa de consultoria há mais de 20 anos, assessorando diversas prefeituras na área de licenciamento ambiental. Em 2008, trabalhou durante nove meses na Secretaria de Meio Ambiente do Município, onde atuou junto ao setor de licenciamento ambiental. O atual secretário Jaques Eisenberger soma ao seu currículo ainda a elaboração de diversos Planos Municipais de Saneamento em que coordenou, e ainda, desenvolveu projetos na área ambiental para alguns municípios.
A Secretaria de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade é extremamente importante. Não só por pensar em preservar, mas também por cuidar da cidade. A pasta, segundo Eisenberger, além do setor de licenciamento ambiental, também é responsável por toda a limpeza da cidade e abastecimento de água no interior do Município, gestora do contrato com a Corsan e da arborização urbana, assim como também fiscaliza as denúncias ambientais e de maus-tratos com relação aos animais, recolhe e abriga animais atropelados, entre outras tantas atividades.
Para saber um pouco mais das ações previstas pela pasta, bem como questões voltadas à preservação do patrimônio natural importante para a biodiversidade, Cinturão Verde e proteção animal, confira a entrevista com o secretário Jaques Eisenberger:
Riovale Jornal – Quais as ações previstas para este ano pela Secretaria de Meio Ambiente?
Jaques Eisenberger: São previstas várias ações de acordo com o Plano de Governo, que vão desde início do estudo para zoneamento ambiental do Município, contratação de empresa para inventário da arborização urbana, reativação do projeto SOS Rio Pardinho, início da construção do Centro de Bem-Estar Animal, criação de ecopontos, troca solidária de resíduos recicláveis, estudo da eficiência do sistema de coleta e tratamento de resíduos do Município, implantação de projeto de pagamento por serviços ambientais, perfuração de poços artesianos e implantação de novas redes hídricas, ressignificação paisagística da cidade, entre outros.
Riovale – Qual é o tamanho atual da área verde do Município? Percebe-se que ela está reduzindo. O que está contribuindo para isso?
Eisenberger: Depende do que se entende por área verde. Se a área verde se trata do Cinturão Verde, são aproximadamente 465 hectares. Especificamente com relação ao Cinturão Verde, o mesmo não está reduzindo, antes pelo contrário. Houve uma ampliação desde o último Plano Diretor em área aos fundos da antiga clínica Vida Nova, área de Zona de Ocupação Controlada (com características ambientais semelhantes ao Cinturão Verde). A percepção que se tem em relação à diminuição das “áreas verdes”, diz respeito à implantação de novos empreendimentos imobiliários em áreas do entorno do Centro, principalmente Linha João Alves e Linha Santa Cruz, mas que não se relacionam, na maioria dos casos, com o Cinturão Verde. É importante salientar que o Cinturão Verde se trata de uma área demarcada com ocupação restrita estabelecida em lei. Não se trata de qualquer tipo de vegetação do entorno da área central da cidade.
Riovale – O que o Município faz para manter esse patrimônio natural importante para biodiversidade?
Eisenberger: Atua na fiscalização perante denúncias de corte de vegetação, avalia tecnicamente e legalmente as atividades que possam ocorrer na área, entre outras atividades rotineiras. Além disso, o Município possui ação prevista para elaboração do zoneamento ambiental da cidade, em que serão identificadas as áreas de potencial interesse de preservação, APP’s, áreas de risco geológico, entre outras informações.
Riovale – O Riovale Jornal veiculou uma notícia no dia 22 de janeiro de 2021 sobre os atropelamentos recorrentes de animais silvestres. Quais medidas foram e/ou serão tomadas para evitar novos incidentes?
Eisenberger: Existem passadores aéreos de fauna instalados no Acesso Grasel, Rua Vereador Benno João Kist e Avenida Melvin Jones. Há necessidade de implantação de novos sistemas de passadores que deverão ser instalados após a elaboração do zoneamento ambiental, a fim de identificar os possíveis pontos de passagem dos animais.
Riovale – Referente ainda aos atropelamentos, já foram instaladas as placas informativas acerca da presença de animais silvestres na região e risco de atropelamentos? E os redutores de velocidade eletrônico no Acesso Grasel como havia sido sugerido? Qual é o prazo para adotar tais medidas?
Eisenberger: As placas foram instaladas. Quanto à instalação dos redutores de velocidade, a implantação dos mesmos é de competência da Secretaria de Transportes e dependem de estudo técnico.
Riovale – Santa Cruz do Sul é sempre bem vista pela beleza das flores e árvores. Há plano de arborização para a cidade? O que este plano prevê?
Eisenberger: A arborização urbana é regulada pela Lei da Arborização Urbana vigente desde 2012, que prevê toda a gestão da arborização da cidade.
Riovale – O Município, pensando também em preservar o meio ambiente tem apostado na sustentabilidade, a exemplo dos postos de saúde. Você, enquanto secretário, como vê projetos como estes?
Eisenberger: A sustentabilidade nas construções é uma tendência a ser seguida, principalmente quanto à eficiência energética, reaproveitamento de água, conforto térmico e acústico, entre outras ações de construção sustentável. Além de uma medida de sustentabilidade, também é uma medida econômica, uma vez que a redução no consumo de energia e no consumo de água e ainda no uso de ar condicionado, diminuem as contas do Município.
Riovale – Além dos postos de saúde sustentáveis, há expectativa de se criar outros projetos como estes em outras áreas? Se sim, onde poderemos ver este tipo de projeto sendo aplicado?
Eisenberger: Existe um projeto em andamento, com parceria entre diversas secretarias, de instalação de um sistema de energia fotovoltaica no Município, que em quatro anos supriria a demanda energética da Prefeitura Municipal. O projeto inicial seria no Parque da Oktoberfest, com aproveitamento da estrutura já existente, principalmente por já existir contratação de demanda, e dali seriam instaladas placas fotovoltaicas também em outros locais.
Riovale – Outro assunto importante é a questão da coleta seletiva. Muitas pessoas ainda não separam os lixos. Para facilitar, a Prefeitura, inclusive, colocou contêineres, mas há quem ainda misture. Quais as ações que a Secretaria de Meio Ambiente pretende fazer para conscientizar as pessoas?
Eisenberger: Estão sendo instalados contêineres para disposição de resíduos recicláveis em pontos da cidade que servirão como projeto piloto para a ampliação do sistema de coleta automatizada. Além disso, em parceria com a Unisc, estamos iniciando uma ampla campanha de comunicação e educação ambiental, visando melhorias na separação domiciliar de resíduos. Paralelamente a isso, estamos avaliando todo o sistema de coleta, transporte e destinação final de resíduos, a fim de estabelecer cenários que visam a melhoria do sistema como um todo, não esquecendo da economicidade para o Poder Público e a inclusão das pessoas no sistema.
Riovale – Quais as ações da secretaria com a causa animal?
Eisenberger: O Município desenvolve atividades de castração através de convênios com clínicas veterinárias, possui parceria com a Unisc para atendimentos no Hospital Veterinário, convênios com ONG’s da causa animal, está implantando um canil provisório na área da Granja Municipal, que posteriormente servirá para atividades relacionadas à fauna silvestre e está em vias de assinatura do Termo de Início de obra para a construção do Centro de Bem-Estar Animal.