Sob coordenação de uma equipe multiprofissional da Secretaria Municipal da Saúde, teve início um projeto piloto criado para servir como rede de apoio a pacientes diagnosticados com obesidade. Neste primeiro momento, serão realizados encontros semanais na Estratégia de Saúde da Família (Esf) Cohab/Renascença, com palestras e oficinas, que devem seguir até dezembro. O objetivo é promover mudanças de comportamento alimentar e estilo de vida para melhorar a saúde e prevenir patologias associadas ao ganho de peso.
Este primeiro grupo teve a inscrição de 26 pessoas da região norte da cidade que, além de acompanhamento com profissionais da nutrição, psicologia e educação física, receberão atendimentos em reiki e auriculoterapia – Práticas Integrativas e Complementares (PICs), que podem servir como tratamento coadjuvante na perda de peso -, bem como demonstração da prática corporal Lian Gong, da medicina tradicional chinesa. Conforme os resultados, o projeto poderá ser estendido para outras unidades de saúde.
O encontro inaugural aconteceu no dia 16, na sede da Associação Comunitária Amigos Núcleo Independência (Acani). Uma das participantes mais entusiasmadas foi a cabeleireira aposentada Lúcia Soder, de 60 anos. Ela, que sempre teve uma rotina agitada e tinha a academia e a caminhada como hábito de vida, viu-se impossibilitada de praticar exercícios físicos após um acidente, uma cirurgia e o tratamento de um tumor cerebral. Emocionada ao contar sua história, Lúcia disse que viu no grupo uma alternativa para melhorar as atuais condições de saúde: “Fiquei feliz quando me convidaram para este grupo. Só o fato de poder vir aqui é muito bom. A gente escuta outras histórias de dificuldades, e isso é uma forma de a gente se ajudar”.
Mais de 70% da população de Santa Cruz do Sul está acima do peso
Em Santa Cruz do Sul, o índice de obesidade em adultos é de 37,58%, segundo levantamento do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), com base na população usuária do SUS. O dado é gerado pelo Índice de Massa Corporal (IMC) que divide o peso pela altura e, quando igual ou acima de 30 kg/m², na população de 18 anos a 60 anos, considera obesidade.
A porcentagem de sobrepeso – IMC acima de 25 kg/m² – no município também é alta. “Se somarmos a obesidade e as pessoas que estão com sobrepeso, vemos que 71,71% da população está acima do peso ideal”, constata a nutricionista da Secretaria Municipal da Saúde, Ana Paula Nunes Marques. Ela alerta que os riscos não estão apenas no ganho de gordura, mas na relação direta com o surgimento de outros problemas de saúde: “Pessoas obesas, por serem portadores desta doença inflamatória, têm maior probabilidade de desenvolverem outras patologias, como pressão alta, diabetes, problemas nas articulações, dificuldades respiratórias, gota, pedras na vesícula e até algumas formas de câncer”.
A nutricionista pontua que a alimentação saudável e a prática de exercícios físicos, apesar de fundamentais para a saúde, não são os únicos fatores envolvidos, já que o ganho de peso tem relação também com a genética, o meio ambiente, determinantes culturais, acesso aos alimentos e serviços de saúde, entre outros aspectos.
Para evitar a incidência e complicações da obesidade e outras doenças crônicas, a Prefeitura realiza ações na atenção básica, com a participação de profissionais de diferentes áreas. “A obesidade é um problema complexo que envolve muito mais do que apenas o indivíduo que está sendo visto naquele momento e, como todo problema complexo, sua solução não é simples, necessita de um esforço conjunto do usuário, família, sociedade e políticas públicas”, avalia o vice-prefeito e secretário municipal da Saúde, Elstor Desbessell.