Everson Boeck
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Após 12 anos na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, o deputado estadual Heitor Schuch (PSB) confirmou ontem ao Riovale Jornal que deverá concorrer a uma vaga em Brasília, como deputado federal. O santa-cruzense nascido em Cerro Alegre, interior do município, se considera agricultor e, por isso, quer continuar representando sua região e seu estado, porém, agora em nível federal.
Schuch tem uma ampla caminhada política. Em 1980 ingressou no sindicalismo, onde foi secretário e depois presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Cruz do Sul. Posteriormente assumiu como tesoureiro da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS (Fetag/RS), depois foi o presidente até 2002, ano em que se elegeu Deputado Estadual. Mesmo como deputado, Heitor continua sindicalista e continua na Diretoria da Federação.
RJ – O que levou a sair da esfera estadual e concorrer a uma vaga na Câmara Federal?
Schuch – Um ditado popular diz que “time que não entra em campo perde a torcida”. Isso vem de encontro à construção do partido. O PSB foi o que mais cresceu desde as últimas eleições porque colocou candidatos. Minha pré-candidatura não é pessoal. Ela surgiu a partir de uma discussão durante um ano e meio avaliando cenários, conjuntura, processos, além da pressão por parte de sindicatos, cooperativas, prefeitos, vereadores e lideranças políticas que pensam ser o momento ideal para tentarmos uma vaga na Câmara. Tive a honra de ter meu nome como o mais indicado para a missão e me considero pronto para esse novo desafio.
RJ – Qual sua avaliação desses oito anos como deputado estadual?
Schuch – Se eu olhar para meus quase 12 anos de mandato – com mais de 70 projetos de lei apresentados e grande parte deles aprovados que se tornaram leis – creio que consegui uma boa produtividade legislativa. Por outro lado me sinto recompensado por ter tido a oportunidade de, durante este período, ter fomentado diversas lutas ou estar à frente de delas junto com outros nos assuntos ligados à agricultura. Por exemplo: questões do tabaco e a Convenção Quadro; as agroindústrias que hoje têm uma realidade muito melhor do que até então; hoje temos um código florestal muito mais justo e muito mais humano do que o anterior que engessava as pequenas propriedades; a inspeção veicular que o governo queria implementar e conseguimos trancar em parte. Essas e outras iniciativas resultaram em muita economia para os nossos agricultores. Tudo isso me faz pensar que estou pronto para um desafio maior. E há muitas coisas que não se resolvem no meio municipal, regional ou estadual. Por isso quero estar na Câmara dos Deputados. Há muita coisa por se fazer, principalmente no que se refere ao êxodo rural. O campo está por se tornar um asilo de idosos, pois a juventude não quer ficar no meio rural e precisamos encontrar meios de reverter isso.
RJ – Quando fala em agricultores ou produtores rurais sempre se refere a “nós”. Como é essa sua proximidade com o meio rural?
Schuch – É que eu sou um agricultor de profissão. Talvez não esteja no meio rural porque, na década de 1980, fui convidado a fazer parte da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, depois na Fetag/RS e agora na Assembleia Legislativa. Por conhecer a vida no campo é que me sinto pronto para este novo desafio na Câmara dos Deputados. Sou um soldado deste movimento sindical, dessa organização.
RJ – Qual sua expectativa como deputado federal, caso seja eleito?
Schuch – Quero estar em Brasília para melhorar o orçamento da agricultura, para fazer com que se valorize mais quem produz o pão de cada dia. Há muito no que se avançar. Por exemplo: somente ampliar o crédito rural não é o bastante, é preciso avançar também nas questões de infraestrutura. O filho do agricultor precisa fazer um trabalho de aula e criar uma apresentação. Como ele fará isso se não consegue fazer uma pesquisa porque não há sinal de celular e internet; quando há energia na maioria das vezes é sem força. Ou seja, ele precisa sair dali para fazer qualquer coisa que seja. Como o produtor vai ampliar sua produção se não há estradas em boas condições para fazer o escoamento, se não há energia suficiente para melhorar seu maquinário, sua agroindústria. São alguns aspectos que precisam ser reavaliados urgentemente.
RJ – Esteve à frente de importantes projetos que viraram lei. Como isso marca sua carreira política?
Schuch – Um dos projetos que apresentei e foi aprovado é a Lei 13.469, de 22 de junho de 2010 que Cria o Programa Estadual de Proteção à Saúde do Trabalhador Rural, através do uso de protetor solar, a fim de inibir a incidência do câncer de pele. Foi uma luta que levou oito anos. É uma política de prevenção à saúde que vai poupar muito dinheiro dos cofres públicos daqui a 10 ou 20 anos quando o índice de doenças de pele for muito maior. Por parte da população houve uma receptividade muito grande, pois as pessoas estão procurando se informar sobre como conseguir os protetores e isso mostra que elas querem e estão procurando viver melhor. Isso me deixou muito feliz! Outro exemplo, embora não se trate de projeto de minha autoria, fizemos um trabalho muito forte contra a questão os emplacamentos de veículos agrícolas. Seria um retrocesso cobrar IPVA dos agricultores por causa de um trator. Não conseguimos impedir dos novos (adquiridos a partir de 2 de abril), mas dos que já existiam até então nós conseguimos barrar. A exemplo destas duas lutas, acredito que, somadas às demais, consegui colocar meu nome na história do parlamento.
Divulgação/Heitor Schuch
Heitor Schuch deve ser candidato a deputado federal
Congresso Estadual é hoje
O PSB/RS realizará hoje, dia 14 de junho, em Porto Alegre, seu Congresso Estadual. Na oportunidade será oficializada a candidatura de Beto Albuquerque ao Senado Federal no pleito de 2014. Também serão aprovadas as coligações e as nominatas para a Assembleia Legislativa e para a Câmara dos Deputados. Haverá, na parte da tarde, um grande ato político com a participação dos pré-candidatos ao governo do Estado, José Ivo Sartori, a vice-governador, José Paulo Cairoli, e com os presidentes dos nove partidos que compõem a aliança (PSB-REDE-PMDB-PSD-PPS-PTdoB-PSDC-PHS-PSL).
Pela manhã, os socialistas deverão eleger a nova composição da Direção Estadual, que tomará posse ao final do mandato atual do Diretório. O Congresso ocorrerá no Auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa do RS, a partir das 9 horas.
(Fonte: http://www.psbrs.org.br)