Ricardo Gais
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Uma das soluções para conter o avanço da pandemia de Covid-19 é o isolamento social. Com isso, os idosos começaram a se sentir mais sozinhos, já que estão inseridos em um dos principais grupos de risco da doença. Por consequência, algumas famílias passaram a evitar encontros com intuito de proteger os mais velhos para não serem contaminados, no entanto, o Conselho Municipal do Idoso (CMI) de Santa Cruz do Sul alerta aos familiares sobre os cuidados com a saúde mental dos idosos neste momento de pandemia.
De acordo com a presidente do CMI, Juliana Lopes Nunes Scharnberg, os dados do Comitê do Suicídio registraram aumento no número de idosos que cometem o ato, devido serem o público que maior corre risco de contaminação pelo novo coronavírus. “A orientação é que a população idosa fique em casa e isto gera uma certa angústia, fazendo com que o idoso comprometa a sua saúde mental. Desta forma é extremamente necessário fazer alguma ação que impacte nesta realidade para modificá-la e queremos conscientizar as famílias e a comunidade por meio da campanha”, destaca.
A campanha de conscientização visa sensibilizar os familiares para que não deixem os idosos – mesmo com o isolamento – se sentirem sozinhos. “Um telefonema, uma chamada de vídeo, uma visitinha de um filho ou neto de poucos minutos e tomando os devidos cuidados, uma palavra de carinho ou um “simples” eu te amo, vai fazer a diferença no dia a dia desse idoso”, disse Juliana.
Além de serem o público mais vulnerável para contágio por coronavírus, o isolamento também vem causando o aumento de outras doenças nos idosos, afetando a saúde mental, e sem saber lidar com o atual momento, acabam vindo a óbito. Através dos dados do Comitê do Suicídio, a presidente do CMI destaca que o maior índice de suicídio em Santa Cruz é entre os idosos.
Os principais sintomas que a terceira idade apresenta quando está com a saúde mental fragilizada são: depressão, angústia e solidão associados com demais fatores de saúde, podem ocasionar a morte. Juliana comenta que o tratamento para melhorar a saúde mental do idoso pode ser realizado através da ajuda de profissionais psicólogos e assistentes sociais. “A família pode ajudar no sentido de não deixar o idoso se sentir sozinho e realizar atividades recreativas”. O CMI juntamente com a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) tem ligado para idosos que se sentem sozinhos para levar uma palavra de conforto a eles.
Como ajudar um idoso antes, durante e depois do isolamento:
- Não mentir: a mentira pode causar perda de confiança e o idoso que é enganado hoje pode duvidar, futuramente, da comunicação de um diagnóstico, por exemplo.
- Não tratá-lo como incapaz: tirando exceções, como demência, o idoso é um cidadão como qualquer outro, com condições cognitivas para ser informado e decidir sobre o melhor para si.
- Não poupá-lo da realidade: devemos desmistificar a ideia de que os idosos são frágeis. Muitos são experientes, já vivenciaram perdas, têm muito mais recursos do que imaginamos para lidar com a realidade.
- Não repassar notícias que estimulam pânico: não precisamos gerar pânico e comentar sobre os corpos sendo empilhados na Itália para convencê-lo a ficar em casa. Falar sobre o dia, contar o que está fazendo na quarentena e dividir pensamentos são formas de mostrar proximidade
- Não sugerir tarefas improdutivas para “ocupar” o idoso: incentive-o a cuidar de plantas ou realizar tarefas domésticas que realmente são necessárias. Jogos de tabuleiro que estimulam a mente também são alternativas melhores que apenas ver televisão.
- Não confundir isolamento com abandono: não poder entrar em contato próximo com os filhos e netos não significa não vê-los ou não conversar com eles. As pessoas podem e devem sempre se falar sempre por telefone e aplicativos e, se possível, até mesmo se verem a distância. É importante que o idoso entenda que o distanciamento não significa que será excluído da rotina familiar e social.