Diante de três suspeitas de Leishmaniose em humanos em Santa Cruz do Sul, a Secretaria Municipal de Saúde apresentou na tarde desta terça-feira, 13, em coletiva de imprensa, cinco ações para controlar a doença no município. Em 2019, 11 cães tiveram a enfermidade confirmada.
Em razão disso, há duas semanas a Prefeitura está discutindo medidas de prevenção e combate com ONGs de proteção animal.
A primeira ação será publicar um mapa da leishmaniose, com a identificação de todos os locais do município em que foram registrados óbitos de cães por causa da doença desde 2011. Ele será disponibilizado no site da Prefeitura até o fim desta semana.
Além disso, a Secretaria de Saúde fará uma nota técnica sobre como deve ser o tratamento em caso de sintomas em animais e outra nota sobre o tratamento em caso de suspeitas da doença em humanos. Haverá, ainda, multa para veterinários que não realizarem o registro da notificação em caso de sintomas em animais que tenham atendido. O objetivo é reforçar a importância da contabilização real de casos no município para direcionar ações efetivas contra a leishmaniose.
Nesta terça-feira, enfermeiros da rede passaram por treinamento para diagnóstico da doença e, ainda esta semana, médicos e agentes de saúde também receberão orientações. “O que não é pensado, não é diagnosticado.
É nesse sentido que a Secretaria de Saúde está orientando os profissionais. Vamos dar treinamentos para que possam entender o que é um caso suspeito humano e, a partir de então, começar um processo de investigação e tratamento”, explica a coordenadora do Programa de Controle da Leishmaniose, médica veterinária Daniela Klafke.
A Prefeitura irá distribuir 400 coleiras repelentes do mosquito transmissor da doença e fará testes rápidos para diagnosticar a Leishmaniose. Uma cota será repassada às ONGs Abrigo de Animais São Francisco de Assis, Grupo Amigo Herói, Abrigo Amigos do Peito, Protetores de Santa Cruz, Alma, Salve um Gatinho e Cavalo de Lata, e outra parte a cães de famílias de baixa renda que fizerem parte das áreas de risco e que estiverem devidamente cadastradas no Cad Único. Os animais com diagnóstico positivo serão microchipados. Outra medida será a promoção de ações de conscientização nas áreas com suspeitas da doença.
O secretário municipal de Saúde, Régis de Oliveira Júnior, afirma que a situação é de alerta, mas não há motivo para pânico. “Nossa preocupação maior é com as pessoas. Estamos trabalhando para evitar que a população fique doente, mas também estamos preocupados com a situação dos cães, para que não sejam abandonados ou sacrificados em casos de diagnósticos positivos”, explica.
Em maio, a Câmara de Vereadores aprovou a lei que cria, de forma inédita no Rio Grande do Sul, o Programa de Controle da Leishmaniose. Com ele, foram regulamentadas ações mais eficazes por parte da Prefeitura para controlar a proliferação da doença. A Leishmaniose é uma enfermidade com alto índice de mortes em indivíduos não tratados.
Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, os casos confirmados de Leishmaniose em cães foram nos bairros Bom Jesus (1), Higienópolis (1), Belvedere (1), Renascença (2), Progresso (1), Ana Nery (1), Margarida (2), Santo Inácio (1) e Arroio Grande (1). Já os casos suspeitos em humanos foram em duas mulheres e um homem, moradores dos bairros Aliança, Avenida e Centro. Eles apresentaram sintomas da doença e foram submetidos a exames. Os resultados enviados pelo Laboratório Central do Estado (Lacen) foram negativos.
Saiba mais:
O que é Leishmaniose Visceral e como pode ser transmitida?
A Leishmaniose Visceral é uma doença crônica causada por protozoários do gênero Leishmania, transmitidos aos cães e seres humanos através da picada de flebotomíneos, um deles conhecido popularmente como mosquito-palha. Em cães, a Leishmaniose pode ser transmitida durante o acasalamento e de mãe para filho.
Como é feito o diagnóstico?
Por exame de sangue. Todo animal com suspeita de Leishmaniose deverá ser investigado pela Unidade de Vigilância e Ações em Saúde e passar por coleta para exame sorológico. “Queremos fazer um alerta para que veterinários estejam atentos e notifiquem quando houver suspeita. Os sintomas são muito semelhantes aos da sarna. Os exames são gratuitos e, quando feitos em clínica particular, pode ser solicitado ao veterinário que encaminhe à Vigilância Sanitária”, explica Daniela.
Quais são os sintomas da doença?
O cão pode permanecer sem sintomas, mesmo estando infectado durante anos. Cerca de 60% dos casos são assintomáticos. Quando há sintomas, os cães podem apresentar lacrimejamento (conjuntivite) e lesões ao redor dos olhos, apatia e/ou fraqueza, lesões nas articulações, problemas renais e emagrecimento e crescimento anormal de unhas. Já nos seres humanos alguns sinais são falta de apetite, febre irregular por mais de sete dias, emagrecimento, fraqueza e barriga inchada, entre outros.
Como prevenir a doença em cães e humanos?
Manter o quintal limpo e a grama bem cortada, evitar o acúmulo de restos de comida, folhas ou fezes de animais, embalar bem o lixo e não jogar nada em terrenos baldios são algumas medidas que deverão ser observadas por todos os cidadãos para combater o vetor .
Outros animais também podem contrair a doença?
Sim. A Leishmaniose também pode ser registrada em cavalos, graxains e gambás.
Qual o plano da Prefeitura para controlar a Leishmaniose em Santa Cruz?
Cinco ações foram apresentadas pela Secretaria Municipal de Saúde: a publicação do mapa da Leishmaniose, com a identificação dos locais onde a doença já foi confirmada; uma nota técnica com orientações para tratamento de animais; uma nota técnica para tratamento em caso de suspeita em humanos; distribuição de coleiras repelentes, de testes rápidos e acompanhamento veterinário; e ações de conscientização nas áreas de risco.