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Santas Casas e Hospitais Filantrópicos se mantêm em Assembleia Permanente

Jéssica Ferreira
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Representantes das 245 Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado estiveram reunidos na manhã desta sexta-feira (27) para deliberarem sobre os rumos da saúde pública do Rio Grande do Sul. Tendo em vista os anúncios de cortes e atrasos de pagamentos, ainda de 2014 e início de 2015, as entidades decidiram pelo seguinte: se mantêm em Assembleia permanente até que o Governador José Ivo Sartori as receba. 
Na manhã desta próxima quarta-feira haverá a primeira reunião oficial da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, presidida pelo deputado estadual Valdeci Oliveira (PT) com a Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul; com o presidente da Federação dos Empregos em Estabelecimentos de Saúde no Estado do Rio Grande do Sul, Milton Kempfer, e demais deputados novos no governo, para ser esclarecida a situação atual das instituições. Valdeci Oliveira divulgou para a imprensa que pretende ouvir as entidades, pois as mesmas estão com um risco sério de suspensão de serviços. “A Comissão quer ouvir as
entidades e auxiliá-las a superar a crise. Não vamos admitir que a
população pague pela consequência dessas medidas do governo”, alegou. 
No mesmo dia haverá também, às 16 horas, uma reunião com outras entidades representativas em audiência pública na Assembleia Legislativa. A ideia é buscar através de diálogo, junto ao Governador do Estado, soluções emergenciais para o setor — especialmente o pagamento de atrasados e fluxo de pagamento para estes hospitais. 
Estarão presentes na audiência pública na Assembleia Legislativa a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Rio Grande do Sul (OAB/RS); Conselho Regional de Fonoaudiologia do Rio Grande do Sul (CREFONO/RS); Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul (CRF/RS); Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do Rio Grande do Sul (CREFONO/RS); Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS); Federação dos Empregados em Estabelecimentos e Serviços de Saúde do Rio Grande do Sul (FEESSERS); Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (COSEMSRS); Frente Parlamentar de Apoio às Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas na Área da Saúde do RS; Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (CREMERS) e o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS), que estão absolutamente integradas em busca de soluções
A Federação espera contar com a sensibilidade do Governador em relação à saúde do Estado. O caráter de Assembleia permanente dá aos hospitais o poder de decidir, a qualquer momento, e mudar a decisão de atual.

Entenda o caso

 
O Governo Estadual tem mantido uma dívida de R$ 132,6 milhões desde 2014, e sequer houve qualquer tratativa de solução, gerando consequências de atrasos com equipes médicas há mais de três meses, folhas salariais de alguns hospitais não efetivadas, fornecedores restringindo disponibilidade de produtos, paralisações e processos restritivos de atendimentos em pontos distintos no Estado.
Como se não bastasse tudo isso, o anúncio do corte de 30% dos recursos da área da saúde estabeleceu o pânico definitivo, pois as consequências advindas deste ato, muito além da falência das instituições hospitalares, implicam diretamente nas pessoas que serão desassistidas, sendo esta a maior preocupação das Santas Casas e dos Hospitais Filantrópicos.
No Hospital Santa Cruz, sobre avaliação do diretor Egardo Kuentzer, a situação é crítica sob o ponto de vista financeiro, enfrentando dificuldades de manter as obrigações firmadas frente aos prestadores de serviços e fornecedores. “No final do ano buscamos empréstimos com a promessa do governo do Estado de pagamento no início deste ano, o que não está acontecendo. Apesar de tudo isso, não há até o momento alteração nos atendimentos, pois acreditamos que o governo ainda irá rever esta situação visando que a população não seja prejudicada.” alega Kuentzer. 
No Hospital Ana Nery, a situação também é preocupante segundo o diretor executivo do hospital, Lídio Rauber. “Já vínhamos buscando empréstimos em instituições bancárias, mas estamos no limite de nossas operações. Frente a este cenário, tivemos que efetuar o desligamento de 25 colaboradores no final de janeiro, como forma de redução de custos. Por enquanto, não houve alteração nos atendimentos prestados à população” comenta.

 

Arquivo/RJ

Mesmo em meio à situação crítica, não há até o momento alteração nos atendimentos

 

Deputados estudam melhorias para o estado

O deputado Tarcísio Zimmermann (PT), vice-presidente da Comissão, solicitou a criação de uma subcomissão para estudar, acompanhar e debater o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS). O parlamentar também pediu uma audiência pública em Campo Bom sobre a construção do Hospital Regional no Vale do Sinos. A deputada Manuela d ́Ávila (PCdoB) solicitou audiência pública para tratar do Sistema Aeromédico do Rio Grande do Sul. O deputado Juliano Roso (PCdoB), propôs a convocação do secretário estadual da Saúde, João Gabbardo, a comparecer na Comissão para expor as providências adotadas pelo governo do Estado no atendimento dos repasses em atraso às Santas Casas e hospitais filantrópicos.