Santa Cruz do Sul está incluída em uma pesquisa sobre infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) no Rio Grande do Sul. Representantes do Projeto Atitude estão no município para aplicar questionários e realizar exames de HIV, sífilis e hepatites B e C.
O estudo pioneiro, coordenado pelo Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, irá mapear o comportamento, as práticas e cuidados da população gaúcha em relação às ISTs. O projeto está percorrendo diversas regiões do Estado com equipes que recrutam voluntários para responder ao questionário e realizar testes para as doenças citadas. Ao todo, 8,2 mil pessoas de 56 cidades gaúchas serão investigadas no trabalho, amostragem que permitirá ter uma noção mais exata da situação no Estado. Primeira iniciativa do gênero no Brasil, o Projeto Atitude tem como principal objetivo identificar porque o RS aparece em primeiro lugar nos casos de HIV e outras ISTs no país. Desde o dia 22 de novembro, uma equipe de seis pessoas – quatro entrevistadores e dois coletadores de material biológico, está presente no município. O trabalho será realizado até 26 de novembro. Até o momento, 1.500 pessoas já participaram do estudo e 171 indivíduos devem ser pesquisados em Santa Cruz.
Conforme a epidemiologista Eliana Wendland, que lidera o projeto, as doenças estudadas atacam de forma silenciosa não apresentando sinais ou sintomas de fácil identificação, sendo muito importante a realização dos exames de rastreamento. “Esperamos, com este trabalho, fornecer subsídios para o planejamento em saúde, com o desenvolvimento de ações de prevenção, tratamento e diagnóstico”, comenta. A expectativa é que a coleta de dados seja concluída até junho do ano que vem e os resultados apresentados durante o segundo semestre de 2022. Eliana enfatiza também que é garantido o sigilo dos dados dos participantes, através de diversas estratégias para assegurar a confidencialidade do processo.
A iniciativa é desenvolvida pelo Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre em conjunto com o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), e conta com a parceria da Secretaria Estadual da Saúde.
Os pesquisadores estão identificados com colete e crachá com foto e um QR Code que pode ser escaneado, permitindo a imediata confirmação dos dados profissionais. Ainda é possível informações sobre eles pelo telefone (51) 3537-8092. A prefeitura de Santa Cruz do Sul também está dando suporte à equipe do Projeto Atitude. Eles estão sendo recebidos nas unidades básicas pelos agentes de saúde. Lá, são apresentados ao território onde irão atuar e obtém informações sobre a comunidade com a qual irão interagir. Conforme a Secretaria Municipal da Saúde, a iniciativa contribui para que a população seja informada sobre o trabalho que está sendo desenvolvido em sua vizinhança e possa receber os pesquisadores com tranquilidade.
Mortalidade alta no RS
Dados da Secretaria Estadual da Saúde de 2019 indicam que o Rio Grande do Sul apresenta a maior taxa de mortalidade por Aids no país, com nove óbitos por 100 mil habitantes — a média nacional é de 4,8 óbitos. Já a taxa de infecção de HIV em gestantes também é a maior do Brasil, com 9,5 casos para cada mil nascidos vivos — sendo em 2,8 o indicador nacional. O RS tem a segunda maior taxa de detecção de sífilis adquirida no país, com 116 casos por 100 mil.