Duas iniciativas capitaneadas pela Prefeitura de Santa Cruz do Sul têm mostrado que auxiliar o próximo está mesmo no DNA dos santa-cruzenses. Mais de mil famílias já colaboraram e outras 600 em situação de vulnerabilidade econômica e social já colheram os frutos dessa generosidade. Trata-se do Banco de Móveis e do Banco de Materiais de Construção, programas conduzidos pela Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), que completaram um ano nesse mês de abril.
Morador do Bairro Santo Inácio, onde vive com a mãe e o irmão, Paulo Bartz, 39 anos, foi um dos muitos beneficiados. O chalé onde residia desde que nasceu estava a ponto de desabar. Condenado pela Defesa Civil, ele e a família tiveram que sair do imóvel. Sem condições de adquirir uma casa nova, Paulo recorreu à Prefeitura e ganhou todo o material de construção, além da mão de obra para execução do serviço, realizado em pouco mais de duas semanas. “Nossa casa tinha mais de cem anos, foi dos meus avós, mas já estava caindo aos pedaços, a qualquer momento podia desabar”, explicou. “Essa nova, em duas semanas construíram, foi bem rápido”.
O novo lar é pouco menor que o anterior – cozinha e sala conjugados, dois quartos e um banheiro – mas suficiente para as necessidades da família. Do Banco de Móveis ele conseguiu também uma cama de solteiro para substituir a antiga. Agora desempregado, tal qual o irmão, por conta da pandemia, e com a mãe, diarista, vendo as faxinas rarearem, Paulo sabe o quanto é importante contar com a ajuda do poder público. “Fiquei bem satisfeito e lá na Prefeitura falaram que qualquer problema é só chamar que eles vêm”.
A dona de casa Elionir Katiane Menezes, 33 anos, moradora da Rua Avelino dos Santos, no Bairro Bom Jesus, também recebeu o auxílio da prefeitura. Com um casal de gêmeos de três anos de idade e outro menino de dois, ela é chefe de família e seu sustento vem do que ganha através do Bolsa Família. Morando sozinha com os filhos, Elionir recebeu do Banco de Móveis uma cozinha completa, um sofá para a sala e um roupeiro. “Sempre fui atendida pela Prefeitura, agora estou aguardando um beliche para as crianças, um colchão e uma estante. E se puderem ajudar com roupas, também agradeço porque estou precisando muito”, disse ela.
De acordo com a secretária da pasta, Aretusa Scheibler, quase que diariamente pessoas da comunidade ligam querendo fazer doações de móveis e de eletrodomésticos usados. Ela explica que os itens que não se encontram em bom estado, antes de serem repassados às famílias necessitadas, vão parar na marcenaria e saem de lá renovados. “Já auxiliamos muita gente, tem quem recebeu desde uma máquina de costura, até quem teve a casa inteirinha praticamente mobiliada”, disse.
Até hoje foram contabilizados 3104 itens arrecadados e 1139 famílias doadoras. Nesse balanço estão computados também os materiais de construção repassados a famílias de baixa renda que não têm condições de adquirir insumos para reconstruir suas residências ou fazer a reforma que tanto necessitam. Os materiais compõem o Banco de Materiais de Construção, iniciativa um pouco mais recente.
Roupeiros, camas, sofás, balcões de cozinha, fogões, geladeiras e máquinas de lavar roupa estão entre os itens arrecadados. Um caminhão sai diariamente para recolher e entregar as doações. O recolhimento é feito no local indicado pelo doador, que assina um termo de responsabilidade ao entregar o bem. Já as famílias a serem beneficiadas constam de um cadastro e também assinam um termo no ato em que recebem o item solicitado.
Nesse período de pandemia de coronavírus, todos os cuidados com relação à prevenção estão sendo tomados pela secretaria. Logo no início, com a edição do primeiro decreto municipal, que estabeleceu medidas mais restritivas, o serviço foi suspenso, uma vez que empresas de transporte estavam proibidas de operar. Porém agora o serviço está normalizado.
Quando alguém liga para agendar o recolhimento, é orientado a deixar a doação junto à porta de casa para que não haja contato próximo com a equipe de servidores. Os profissionais realizam o serviço utilizando luvas e máscaras de proteção. Já os objetos a serem repassados às famílias necessitadas são anteriormente devidamente higienizados.
Com a proximidade da estação mais fria do ano, percebe-se um aumento na procura por fogões a lenha, como destaca Aretusa. “As pessoas gostam porque o fogão a lenha cozinha e aquece ao mesmo tempo, além disso, a lenha é mais barata que o gás. Quem tiver fogão a lenha para doar pode entrar em contato que nós providenciamos a busca”, disse ela.
Interessados em doar mobiliário e/ou materiais de construção – tijolos, cerâmicas, telhas, cimento e outros insumos – podem contatar com a Sehab pelo 3715 1895 e agendar um horário para o recolhimento. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8 horas ao meio-dia e das 13 horas às 17 horas.