Luciana Mandler
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Você sabia que no Rio Grande do Sul são descartados, em média, mensalmente mais de uma tonelada de medicamentos? Isso mesmo. Quem confirma a informação é o técnico ambiental da Ecolog Serviços Ambientais, Cassio Paulus Calheiro. A Ecolog atua em todo o Estado com o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Resíduos estes em que os medicamentos são enquadrados. São mais de mil pontos em que a empresa efetua a coleta.
Em Santa Cruz do Sul, por exemplo, são aproximadamente 80 quilos mensais, em média. Atualmente, a Ecolog coleta material em 48 pontos do Município, entre farmácias, clínicas, consultórios e supermercados. “Está média se eleva em grandes centros como Serra e Região Metropolitana de Porto Alegre”, destaca.
Calheiro aproveita para esclarecer que os pontos de coleta mais comuns atualmente são os próprios comercializadores, como farmácias, clínicas e até mesmo supermercados que participam de programas de coletas de resíduos, “recolhendo em coletores específicos os medicamentos vencidos que a população tem em suas casas”, aponta.
O técnico ambiental salienta ainda que, hoje, praticamente 100% da cadeia farmacêutica atua com o recolhimento de medicamentos vencidos ou avariados, estimulado pela cadeia de logística reversa imposta pela Política Nacional de Resíduo Sólidos, em vigor desde dezembro do ano passado.
COLETA
As coletas, segundo Calheiro, são realizadas de acordo com a demanda de geração, podendo variar de acordo com cada gerador, normalmente com frequência semanal, quinzenal ou mensal. Como o medicamento é um material de baixa densidade (possui um grande volume, mas pouco peso), em média, cada coleta no Rio Grande do Sul feita pela Ecolog, representa pouco mais de um quilo por ponto gerador. “No entanto, se considerarmos que são bem mais de mil pontos em que atuamos na coleta, temos uma média mensal superior a uma tonelada descartada”, frisa.
Assim como outros produtos, o descarte correto dos remédios é importante. “Os medicamentos são produtos químicos, se dispensados de forma inadequada como na pia ou vaso sanitário, ou pior ainda, diretamente em solo, podem ocasionar contaminação destes agentes ambientais como água (lençóis freático, rios, arroios) e solos, podendo trazer prejuízos a todo meio biótico”, sublinha.
Sendo assim, eles são destinados para tratamento térmico ou disposição em aterros industriais controlados, onde sua disposição é monitorada e não possui qualquer tipo de contato com águas e o solo.
NO MUNICÍPIO
Na Farmácia Pública do Município são recolhidos os medicamentos vencidos dos pacientes. “Eles ficam separados em uma sala de descarte. Temos uma empresa terceirizada que é contratada para fazer o recolhimento desses remédios e dar o destino correto conforme o gerenciamento de resíduos exige”, explica a farmacêutica Daiana Trevisan, coordenadora da Assistência Farmacêutica da Secretaria Municipal de Saúde. Quando ocorre de algum medicamento apresentar um desvio de qualidade, a distribuidora e o laboratório pela qual é feita a compra são informados a fim de que façam a coleta e providenciem outro lote.
A farmacêutica Daiana salienta que os medicamentos que são comprados pelo Município praticamente não vencem antes do consumido, “pois compramos para abastecer três meses de consumo, e no edital do pregão sempre pedimos a entrega com prazo de no mínimo 18 meses de validade”, pontua.
Pelo planejamento que o Município faz, dificilmente os pacientes precisam fazer o descarte de medicamentos. “Os remédios são fornecidos para o tratamento exato do paciente, sem sobras, mas se foi mudado o tratamento pelo médico no decorrer do uso, ou outro motivo, o paciente deve trazer o medicamento que sobrou até a Farmácia Municipal para darmos o destino correto”, orienta.
A profissional orienta que não se descarte medicamentos em casa. “Assim que o medicamento estiver vencido, o paciente deve procurar uma farmácia, que pode ser uma farmácia pública ou privada, para fazer a entrega da medicação vencida. A farmácia providenciará o descarte correto da medicação”, finaliza.