O Internacional passou por mudanças significativas durante esta semana. Um novo treinador assumiu o clube, se é que podemos chamar de “novo”. Celso Roth, no Inter, é uma figura contraditória. Já está na quarta passagem pelo clube (no time profissional. São cinco passagens se contarmos a fase em que ele treinou os juniores do Inter. Em 1994, ele levou o time da categoria às semifinais da Copa São Paulo). Por que “contraditório”? Quem acompanhou a carreira dele, sabe que no Inter ele viveu alguns ótimos momentos e outros muito abaixo da crítica. Quando treinou o time profissional pela primeira vez, em 1997, quase foi demitido após uma derrota para o Guarani em Venâncio Aires. Pedro Paulo Zachia, presidente na época, disse que o Inter ia “mudar não mudando”. O que isso significava? Na minha interpretação, significava que o presidente estava alterando o “modus operandi” do clube, costumeiramente marcado pela constante demissão de treinadores. Mudava ao alterar o “modus operandi”, e não mudava ao manter Celso Roth.
Uma interpretação mais simples, e mais inteligente, foi a seguinte: mudar o time para melhor, sem mudar o treinador. Pouco depois, o Inter seria campeão gaúcho com Roth, derrotando o Grêmio na final. Tricolor este que mantinha a base multicampeã dos anos 90. Celso Roth virou um sucesso, mas, em 1998, perderia em casa o Gauchão para o Juventude, após fazer uma boa campanha, porém de final melancólico, no Brasileirão de 1997.
Em 2002, na segunda passagem pelo time profissional do Inter, a equipe de Roth estava caminhando para o rebaixamento. Ele saiu para que assumisse Cláudio Duarte como treinador, juntamente com o retorno de Ibsen Pinheiro na vice-presidência de futebol (Ibsen tinha sido vice em 1997/98 com Roth no cargo de treinador).
Na terceira passagem, em 2010, Roth assumiu o time que estava mal no Brasileiro, mas classificado para a semifinal da Libertadores. O Inter foi bicampeão da América e conseguiu apenas uma leve recuperação no Brasileiro. Veio o “Mazembaço” e, poucos meses depois, em 2011, Celso Roth caiu mais uma vez para a chegada de… Falcão. Em agosto de 2016, sai Falcão para a chegada de… Celso Roth. Com ele, volta Ibsen Pinheiro como dirigente. Ibsen que primeiro trabalhou com Roth (em 97/98), depois trouxe um técnico (Cláudio Duarte em 2002) para o lugar de Roth e agora (2016) volta com… Celso Roth.
Agora o “mudar não mudando” já nem me dou o trabalho de interpretar. Mas, se você conseguiu acompanhar a “salada de frutas” narrada nas linhas acima, parabéns!
(Nelson Treglia – interino)