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Saiba o que é fato e fake sobre livros que fizeram previsões sobre a pandemia

Trechos das duas obras literárias estão circulando pelas redes sociais

Tiago Mairo Garcia
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Trecho do livro “A realidade de Madhu”, de Melissa Tobias, é verdadeiro com a previsão descrita na página 183 – Divulgação

Desde o seu surgimento as redes sociais tem sido uma ferramenta que está cada vez mais está inserida no cotidiano da população para facilitar a comunicação entre pessoas de todas as partes do mundo. São milhões de mensagens, fotos e vídeos enviadas e compartilhadas nas mais diferentes plataformas digitais. Como é um espaço de livre propagação, muitas informações publicadas são verdadeiras e outras são falsas, as chamadas fake news.
Em tempos de isolamento social em razão da pandemia do coronavírus, as mídias sociais se tornaram um espaço importante para a divulgação das mais diversas informações sobre o tema de forma rápida e instantânea. Neste universo online começaram a circular recentemente algumas publicações com trechos de algumas obras literárias escritas no passado prevendo a pandemia no ano de 2020.
Na primeira publicação circula um vídeo sobre a obra “The Eyes of Darkness”, escrita pelo escritor norte-americano Dean Koontz, que foi publicada em 1981. Em um dos trechos, segundo o vídeo, um trecho do livro diz “que por volta de 2020 uma pneumonia severa vai se espalhar pelo mundo atacando os brônquios e os tubos dos brônquios resistindo a qualquer tratamento. Essa doença vai chegar e sair rapidamente, volta em dez anos e vai desaparecer completamente”. Outro trecho do livro diz que a doença será chamada de Wuhan 400 porque foi desenvolvida em laboratório na cidade de Wuhan, na China, sendo microrganismos criado pelo homem em um centro de pesquisa, sendo a arma perfeita”. O vídeo foi finalizado com os tradutores interpretando a doença como um golpe chinês para descapitalizar o mercado mundial.
Porém, se constatou que o vídeo publicado sobre o livro é uma fake news. Conforme apurado pelo G1 e pela Folha de São Paulo, a obra foi de fato escrita em 1981 pelo autor e nas edições recentes disponíveis, a palavra Wuhan aparece seis vezes. Mas as coincidências não vão muito além disso. A página que fala de 2020 não é nem do mesmo livro. Trata-se de um trecho retirado de “End of Days: Predictions and prophecies about the end of the world”, de Sylvia Browne, publicado em 2008.
Wuhan é apenas o nome da cidade da China, epicentro da transmissão do novo coronavírus, que teve início em 2019. Não há nada que indique que o novo coronavírus (nCOV) seja uma arma biológica, como a retratada no livro. Na verdade, trata-se de uma nova doença, até então não identificada em humanos, de uma grande família de vírus que causam doenças que variam de resfriado comum a doenças mais graves, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-Cov).
Na versão original, o livro nem sequer mencionava Wuhan-400, mas Gorki-400, uma referência a cidade russa que, após a dissolução da União Soviética, passou a ser chamada de Níjni Novgorod. Somente nas edições mais recentes, a palavra foi alterada. Além disso, no livro, Wuhan-400 tem tempo de incubação de quatro horas. Já o tempo de incubação do Covid-19 varia de 1 a 14 dias. No livro, a tal arma biológica também tem uma taxa de mortalidade de 100%. Já a taxa de mortalidade da Covid-19 é de 2% dos casos confirmados. Ou seja, o autor não previu o surto que hoje causa apreensão global.

Trechos do livro “The Eyes of Darkness”, de Dean Koontz, sobre previsão da pandemia é fake que circula nas redes sociais – Divulgação

PREVISÃO VERDADEIRA
Também circula nas redes sociais o trecho do livro “A realidade de Madhu”, escrito pela escritora Melissa Tobias e publicado em 2014, o seguinte trecho da página 183: “Em 2020, quando a Terceira Realidade terminou de envolver todo o planeta Terra, uma pandemia global matou mais de três bilhões de terráqueos. Foi um momento muito caótico que durou dois anos. Foi uma pandemia viral psicossomática que penetrava somente em corpos incompatíveis com a vibração de amor ao próximo. Não havia para onde fugir”.
O livro conta a história fictícia de Madhu, que é abduzida por uma nave intergaláctica. A bordo nesta nave alienígena ela fará amizade com uma bizarra híbrida e conhecerá um androide que vai abalar seu coração e aprenderá lições que mudarão sua vida para sempre. Em vídeo publicado na rede social Youtube na última segunda, 30, a autora do livro, Melissa Tobias, explicou sobre a previsão sobre a pandemia citada na página 183 do livro. Ela frisou que a escolha por citar a data limite de 2020 foi baseada em psicografias de Chico Xavier, que relata o ano de 2019 como final de um ciclo e o início de uma nova era. “Pensei que se finaliza em 2019, o ano de 2020 vem uma catástrofe”, contou. Sobre o livro, ela relata que a história fictícia de Madhu é baseada em vedas, nos antigos livros sagrados dos Richies, considerados semideuses, que moravam nas montanhas do Himalaia, para formatar a ideia da obra.
A autora se considera uma artista e destacou a escrita criativa como uma forma de arte. “Todo artista tem uma mediunidade e na fase de criação entramos em um estado mental que a gente se conecta com alguma coisa da nossa alma e que não vem da razão e sim do coração. Talvez a parte de pandemia viral tenha vindo do meu coração que tenha me inspirado a escrever sobre isso”, disse a autora. No final do vídeo, Melissa Tobias pediu para os leitores não creditarem a ela o mérito pela previsão, destacando que ela não é médium e sim uma pessoa normal que possui um talento artístico finalizou salientando que deseja que as pessoas tenham esperança no começo de uma nova era para a sociedade. “Neste momento eu sinto muita esperança. É do caos que gera a ordem, sendo um momento onde todas as pessoas estão reclusas no convívio familiar para lidar com questões internas e terão um renascimento para se tornar uma semente de luz e estar preparados para essa nova era. Nós criamos a nossa realidade e importante que todos tenham fé em Deus que um futuro brilhante virá para a humanidade”, finalizou a escritora.