Everson Boeck
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Os produtores de tabaco do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná já estão em fase de plantio de tabaco para a safra 2014/2015. A estimativa é que a produção tenha uma queda de aproximadamente 10% em todas as variedades em relação à safra anterior. Este ano a previsão é que sejam comercializadas 651.090 toneladas de tabaco, em face de 702 mil da safra passada. A queda é atribuída à adequação da oferta/demanda. Segundo o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil, Benício Albano Werner, houve pela primeira vez uma redução no consumo de cigarros legais, conforme recente pesquisa da Associação Internacional dos Produtores de Tabaco (ITGA).
De acordo com a ITGA, em 2012 havia 6.419 trilhões de fumantes no mundo. Em 2013 esse número baixou para 6.208 trilhões – redução de 211 bilhões no consumo de cigarros legais. Para o presidente da Afubra, esta queda se dá devido ao aumento na tributação que elevou os preços dos cigarros e às leis federais que restringem cada vez mais os locais permitidos para fumantes. “Os cigarros legais estão mais caros devido à tributação elevada imposta pelo governo federal. Áreas para fumantes estão cada vez mais restritas. Mas isso não quer dizer que as pessoas estejam deixando de fumar. Há uma redução, sim, no consumo, mas esses fatores infelizmente fomentam o comércio clandestino de produtos ilegais ou sonegados”, alerta.
Arquivo/RJ
Vale do Rio Pardo deverá ter 80% da área plantada até o final de agosto
Plantio, lucratividade e clima
Werner informa que ainda não há números finais da safra 2013. Uma equipe da Afubra está fazendo pesquisa junto aos produtores. Cerca de 2 mil propriedades estão sendo visitadas. Em relação à safra 2014/2015, cerca de 80% do plantio estará concluído no Vale do Rio Pardo. “Em termos percentuais estamos com uma área maior plantada, em relação ao mesmo período do ano passado”, frisa.
O presidente da Afubra ressalta que a próxima safra pode ter uma lucratividade inferior à anterior. “Se compararmos o que tivemos de lucro na safra 2012/2013 com a safra 2013/2014, a oferta/demanda é o que define a maior ou menor lucratividade para o produtor. Por isso, se ele seguir as orientações das entidades – Fetag, Farsul e Afubra – e não se exceder na área plantada, haverá uma garantia maior de uma boa lucratividade”, considera. “Este ano teremos metade da lucratividade em relação à safra anterior. Ano passado tivemos uma média de 22% e este ano teremos cerca de 10%. Porém, os produtores que venderam o tabaco até meados de abril terão de 15% a 20%. Os que venderam de maio em diante poderão nem chegar a 10% de lucratividade”, explica.
O clima também preocupa. Ainda que o inverno não esteja tão rigoroso como em anos anteriores, as baixas temperaturas dos últimos dias trazem preocupação ao meio rural, principalmente para os produtores de tabaco. Segundo Benício, as plantas que ainda não foram para a lavoura ficam mais vulneráveis às temperaturas extremas. O gerente técnico da Afubra, Iraldo Backes, explica que se houver pouca quantidade de água nas bandejas do sistema floating, as plantas que deveriam boiar podem congelar e morrer. “Como cerca de 70% das mudas ainda estão nas sementeiras, é indicado que os produtores observem o nível da água, colocando mais quando necessário. O ideal também é instalar cobertura de talagarça sintética embaixo das lonas plásticas para proteger as plantas”, comenta. Para o fumo que já está na lavoura não há alternativas, caso o frio se confirme.
Estimativa de produção na Região Sul
UF Hectares Toneladas
RS 141.200 315.260
SC 92.550 206.350
PR 53.550 129.480
Total 287.300 651.090
ARQUIVO/RJ
No total da região Sul do Brasil deverão ser plantados 287,3 mil hectares