Ricardo Gais
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Luciana Mandler
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Fechadas desde março deste ano devido à pandemia de Covid-19, o Governo do Rio Grande do Sul discute há cinco meses a retomada das atividades presenciais nas escolas da rede pública estadual com a previsão para a próxima terça-feira, 20. Nessa quarta-feira, 14, o governo apresentou as orientações e protocolos a serem seguidos por pais, alunos e servidores. As atividades só poderão ocorrer em regiões Covid que estejam em bandeira amarela ou com pelo menos duas semanas em bandeira laranja.
As escolas são obrigadas a seguir a portaria conjunta 01/2020, de 8 de junho, elaborada pelas Secretarias de Saúde e Educação. O Estado também definiu regras para o transporte escolar, para os refeitórios e para as salas de aula, com distanciamento mínimo entre os alunos, uso de máscara e máximo de 50% dos estudantes em sala de aula.
O retorno dos alunos não é obrigatório e num primeiro momento será priorizado o retorno presencial para aqueles com dificuldade de aprendizado ou de acesso ao conteúdo oferecido pela plataforma Google Sala de Aula. Já o modelo permanecerá sendo híbrido com o ensino remoto, sendo que todos os alunos deverão acompanhar a distribuição de conteúdo e de atividades na plataforma Google Classroom, mesmo os que optarem por ir à escola. Professores e funcionários que não pertençam ao grupo de risco, no entanto, são obrigados a retornar ao trabalho presencial.
Conforme o coordenador da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (6ª CRE), Luiz Ricardo Pinho de Moura, as escolas com modalidade do Ensino Médio estavam previstas para retornar as aulas no dia 13. No entanto, logo em seguida, mudou a data para o dia 20 de outubro. “A mudança ocorreu para que as escolas de Ensino Médio possam ter os EPIs e os materiais de higienização, bem como o COI local e plano de contingência validado”, explica. “Se percebeu que no dia 13 as escolas não iam dar conta de todas essas demandas, então se decidiu postergar”, frisa.
Ao ser questionado se todos os educandários voltariam as atividades, Moura afirmou que todos estão aptos para voltar. “Só se no decorrer dos próximos dias recebermos alguma demanda que haja impossibilidade de voltar”, aponta. Ainda, segundo o coordenador da 6ª CRE, o número de horas em sala de aula será de no máximo três horas. “As escolas terão autonomia: poderá ser dia sim, dia não, uma semana sim, uma semana não. Vai depender muito da questão do transporte”, finaliza.
A Ernesto Alves de Oliveira, uma das maiores escolas estaduais de Santa Cruz, já está preparada para receber os 1.330 alunos. Conforme a diretora Janaina Venzon, a expectativa para este retorno é algo novo. “A gente nunca vivenciou uma pandemia e não é um início comum, porque as salas de aula foram organizadas para receber metade da turma, apenas 17 estudantes por sala”, comenta.
Janaina pontua que o professor também vai ter que aprender a dar aulas nesta nova situação. “Além de lecionar para os alunos presenciais, os professores terão que atender os alunos que estão em aula remota. O professor, assim que entrar na sala de aula, terá que ligar seu netbook, assim como os alunos a distância, para acompanhar a aula”, explica. Para a chegada dos alunos, haverá um horário diferencial para cada turma e não terá a parte do intervalo, para evitar aglomerações.
A escola também elaborou cartazes orientativos e enviou cartilhas com explicações aos pais. Conforme Janaina, caso os EPIs do Governo do Estado não chegarem a tempo, não terá como começar as aulas no dia 20. “De certa forma estamos bem preparados, pois a escola se organizou para isso”, conclui.
A previsão é de que os anos finais do Ensino Fundamental possam retornar a partir do dia 28 de outubro e os anos iniciais a partir de 12 de novembro.
Uesc e Cpers realizam manifestação
Na manhã de quinta-feira, 15, sindicatos realizaram uma manifestação simbólica em frente à sede da 6ª CRE. Os representantes solicitaram que haja segurança para o retorno das atividades presenciais nas escolas públicas estaduais devido à pandemia de Covid-19. Um ofício reivindicando mais segurança também foi entregue a 6ª CRE.
Elbe Belardinelli, do Cpers-Sindicato, comenta que agora não é o momento para o retorno às escolas, devido à falta de estrutura para garantir a segurança da comunidade escolar e sociedade. “Não é que não queremos voltar às atividades presenciais, mas queremos segurança. As direções das 19 escolas de Santa Cruz do Sul estão esperando os EPIs do Governo que não chegaram e falta alguns dias para a reabertura das escolas, mas não tem nada de segurança”, lamenta.
O Estado investiu na compra de 9,8 mil termômetros infravermelhos; 328 mil máscaras infantis; 1,9 milhão de máscaras infanto-juvenis; e 1,3 milhão de máscaras adultos.
Essa também é uma preocupação da União dos Estudantes Santa-cruzenses (UESC). Conforme o coordenador Matheus Mello e o vice Dylan de Oliveira, o ato também foi realizado para fazer uma reflexão sobre a categoria dos professores que está com salários parcelados e há seis anos sem reajuste. “Entendemos que o retorno das aulas presenciais não deve acontecer neste momento pela falta de estrutura. Nós, como sindicato dos estudantes, defendemos o não retorno, como toda a maioria dos estudantes”, disse Matheus.
Os estudantes também estão preocupados com o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). “As aulas remotas não possibilitam o aluno de aprender todo o conteúdo como na forma presencial, mas não podemos voltar, pois temos que preservar nossas vidas”, destacou Dylan.