Na metade da década de 1980, o Brasil saía da Ditadura Militar e retomava a democracia. As desigualdades sociais são uma característica muito presente na História do nosso país e, na Ditadura, elas tiveram um aprofundamento. “Apesar do crescimento acelerado na economia brasileira durante a ditadura militar, houve aumento na concentração de renda do país”, escreveu a revista Exame, em março de 2019, a respeito do período ditatorial.
Com a volta do regime democrático, o cancioneiro das telenovelas pôde, de alguma forma, refletir essa realidade de profunda desigualdade. Na abertura de “Roque Santeiro” (1985), Moraes Moreira cantava: “Eu quero a felicidade. Mas a tristeza anda pegando no meu pé”.
Em “Brega & Chique” (1987), a banda Ultraje a Rigor dizia: “Sem roupa, sem saúde. Sem casa, tudo é tão imoral”. Vale lembrar que, um ano depois (1988), a Constituição democrática criou o Sistema Único de Saúde (SUS), que mesmo hoje enfrenta dificuldades, mas é instrumento positivo, a ser aperfeiçoado.
Gilberto Gil, na abertura de “O Salvador da Pátria” (1989), cantou: “Os tempos darão safras e safras de sonhos, quilos e quilos de amor”. Gil foi um tanto profético. “Entre 1989 e 2017, o saldo da balança agrícola do país se multiplicou quase por dez”, informou o site Bayer Jovens, da multinacional Bayer, em janeiro de 2019.
Em “Pedra sobre Pedra” (1992), Raimundo Fagner lembrava o passado terrível da Ditadura e da história do Brasil como um todo, destacando as consequências disso na nossa realidade social: “Ô tempo duro no ambiente, ô tempo escuro na memória, o tempo é quente, e o dragão é voraz”.
E, para concluir, citamos Ivan Lins em “Renascer” (1993). Era preciso que o Brasil fizesse algo por si. A música dizia: “Nada cai do céu, nem cairá”. Em 1994, o Plano Real tiraria o país da hiperinflação e o tornaria mais forte para enfrentar as desigualdades.